quarta-feira, 27 de agosto de 2008

RSVP/CARAS JANEIRO 2007 by Angeli

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QUEM VENCE CONQUISTA SEU LUGAR
NA MAIS PAULISTA DAS AVENIDAS

Dizem Que a Avenida Paulista, que acaba de completar
115 anos, é como um casamento, que começa no Paraíso
e termina na Consolação.

A avenida Paulista, coração de São Paulo

Brincadeiras à parte, o certo é
que a Paulista é um símbolo de consagração, onde
torcedores comemoram as conquistas de seus times, onde
executivos bem-sucedidos têm seus escritórios, onde
grandes artistas exibem seus trabalhos e onde presidentes
e governantes comemoram sua eleição.Para o artista
plástico Marco Angeli, a avenida é uma espécie de mãe.
Leia seu depoimento e entenda porque:
“Fiz minha primeira exposição na Avenida Paulista. Foi na
galeria do edifício sede do Banco Real em 1985 e -claro-
foi inesquecível. Encantado e inspirado com a magia das
cores e formas da Tomie Ohtake, na época eu fazia
pinturas abstratas e passeava nas madrugadas pela
avenida.A Avenida paulista era o centro nervoso da cidade
durante o dia ,mas era fascinante a maneira como ela se
transmutava todas as noites, virando uma espécie de
caldeirão da cultura e da diversão da cidade, por onde
circulavam todos os tipos de pessoas Na esquina da
Consolação, bem em frente ao cine Belas Artes, por exemplo,
funcionavam o Riviera e o La Baguette, pontos de encontro
dos artistas, músicos, atores e escritores.Conheci alguns
talentos fantásticos ali.
Essa minha relação de amor pela avenida cresceu
sempre,e em 1991 acabei pintando uma série da própria
avenida de madrugada -figurativo- que acabou sendo
o embrião desse meu trabalho atual. Essas obras foram
expostas numa galeria ali mesmo e me mostraram claramente
essa espécie de dualidade da Paulista.

O original da ilustração

Alguns executivos comentavam ,no vernissage,que apesar
de passarem todos os dias pela avenida, que viam agora
pintada, jamais haviam percebido aqueles ângulos, refletidos e
formados pelas luzes dos postes, pelas luzes de neon.
Essa era a personalidade de São Paulo, e a Paulista seu
espelho. Austera de dia, e terna, romântica e festiva
de noite.Talvez por isso mesmo, por essa
personalidade dupla, tudo o que acontece na cidade
acaba sempre na Avenida Paulista, desde a vitória do
time de futebol até as mostras de arte,
como se ela fosse a mãe da cidade,
que abriga e entende todas as loucuras de seus filhos...”

Transcrito da revista RSVP, janeiro de 2007

Tenho e sempre tive uma relação de afeto com
a avenida Paulista. Nela, durante as madrugadas em
que andava por alí, conheci pessoas que foram
importantes na minha vida. Nela, vivi momentos
felizes, momentos tristes.
Alí, num dos leilões memoráveis feitos pelo grande
Mascchio no 'porão' do Baguette, uma de minhas
telas alcançou um preço muito mais alto do que poderíamos
imaginar...motivo de felicidade, já que a renda de todos
os leilões revertia pra ajudar os hospitais que
tratavam crianças com AIDS, um pesadelo enorme
na época. Alí, chorei a morte, causada pela AIDS,
de alguns amigos. Kuka Clark, um deles, escritor,
jornalista, uma perda gigantesca.
Alí, eu chegava as 4, cinco da manhã, vindo de moto
pela ladeira da Consolação, devagar, pensando na vida,
num frio de rachar, meses de inverno.
Mas alí, na pontinha da Paulista, tudo era calor,
festa. Registrei essas impressões em minha
primeira exposição figurativa, em 1990.
A Avenida Paulista...de madrugada.

Marco Angeli, agosto de 2008


RSVP/CARAS NOVEMBRO 2006 by Angeli

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HOMENS DE PEDRA
SUSTENTAM EDIFÍCIOS NO CENTRO

No século XIX, a Rua da Quitanda ganhou esse nome
porque era a preferida das 'quitandeiras', mulheres que
vendiam alimentos cozidos ou in natura no Centro Velho.
O trecho entre as ruas Álvares Penteado e 15 de Novembro
também era conhecido como Beco da Cachaça, numa
referência ao produto que ali era fartamente
comercializado e consumido.
Ao longo do século XX, o local passou a ser ocupado por
construções mais altas e elegantes, que sediam até hoje
corretoras que operam na Bolsa de Valores.
Foram-se as quitandeiras, vieram os agitados brokers.
Foi isso tudo que moveu o artista plástico e ilustrador
Marco Angeli, autor do desenho ao lado.

A dupla publicada em novembro

Ele conta que sua inspiração veio de impressões da infância:
"meu pai tinha conta num banco alí do Centro,
e às vezes, para minha alegria, me levava junto com ele à agência.
Eu o acompanhava, pequenininho ainda, assombrado com
aquela cidade cheia de pessoas que andavam depressa.
As ruas do Centro Velho, como a rua da Quitanda, são
estreitas. Por isso, estavam sempre imersas na sombra dos
edifícios, o que lhes conferia uma característica única,
mágica aos meus olhos de criança.
Eu me impressionava com aqueles homens de pedra
que suportavam heróicamente as colunas dos edifícios, e
imaginava como é que eles teriam sido esculpidos e
o que eles simbolizavam.
A luz, com o passar do dia, ia transformando aqueles
homens de pedra, dando nuances e expressões
inesperadas à cada um deles.

Homens de pedra, eternos, imperturbáveis.

Eles me observavam passar, imperturbáveis, compenetrados
em seu eterno trabalho de segurar as colunas.
Mal poderiam imaginar que um dia eu os desenharia,
ainda assombrado..."

Transcrito da revista RSVP, novembro de 2006

Meu pai, com certeza, talvez nem imaginasse o papel
que fazia em minha vida nestes momentos em que me
transformava em seu companheiro de trabalho.
Ele amava a cidade, e provávelmente me passou esse
amor...assim como o amor aos livros, ao desenho,
e à marcenaria, em que era mestre.
Ele já não está aqui comigo, mas os passos que demos
juntos naqueles dias serão eternos em minha lembrança.

Marco Angeli, agosto de 2008

terça-feira, 26 de agosto de 2008

RSVP/CARAS OUTUBRO 2006 by Angeli




JULIO PRESTES É PONTO DE PARTIDA
PARA VIAGENS NO TEMPO E NO ESPAÇO

Inaugurada em 1938, a estação Julio Prestes é uma
imponente construção de estilo eclético por onde
circulam trens repletos de passageiros, cargas e histórias.
Após uma grande reforma iniciada em 1999, passou
a abrigar a Sala São Paulo, uma das melhores casas de
concerto do planeta, sede da prestigiosa
Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo.
Agora o local é ponto de partida não só para trens,
mas também para viagens pelo universo
da música clássica.

A matéria, com um dos desenhos de que mais gostei da série

O local inspirou o artista plástico Marco Angeli:
"No final de 89, embarquei na estação Julio Prestes no
Expresso de Prata, que fazia a viagem
São Paulo/Rio de Janeiro. Era um trem muito antigo,
húngaro ou tcheco, e era maravilhoso.
A partida era no início da noite e a chegada no Rio
de manhãzinha. Isso aumentava a magia da história.
O casamento entre a arquitetura da estação, com sua beleza
austera, e o trem, era perfeito.
As portas das cabines, os banheiros, o bar e o restaurante...
quase tudo era feito de madeira nobre entalhada e
envernizada. Puxadores, torneiras e maçanetas em
latão eram detalhes lindos e impecávelmente polidos.

Ilustração original

No corredor, o bilheteiro marcava as passagens e
impressionava com seu alinhado uniforme.
Não se sentia alí qualquer sinal de decadência, e sim
uma reminisciência de outra cultura, de outra era.
A atmosfera mágica da estação Julio Prestes seguia
dentro do trem e, por algumas horas, o passageiro
se sentia transportado para outro espaço e tempo.
Viajei muito de trem, principalmente na Europa, mas a
viagem daquela noite foi especial e inesquecível."

Transcrito da revista RSVP, outubro de 2006

RSVP/CARAS SETEMBRO 2006 by Angeli




VIADUTO SANTA IFIGÊNIA,
A PÉROLA ART DÉCO FORJADA NA BÉLGICA

Em 1904, foi apresentado à Câmara Municipal o projeto
de um viaduto que ligaria o Largo de São Bento ao
de Santa Ifigênia. Quatro anos depois, o engenheiro e
arquiteto Júlio Micheli venceu a concorrência para a
construção. As obras começaram em 1910 e a estrutura
metálica foi toda importada da Bélgica.
A inauguração ocorreu em 1913.

A dupla, o Viaduto Santa Ifigênia

O viaduto possui 225 m de comprimento por 13,6 m de
largura. Mais de 750 mil libras esterlinas foram gastas
para concretizar sua construção. Por conta disso, acredita-se
que foi aí que começou a dívida externa da cidade, já
que esse valor foi um empréstimo da Inglaterra.
"Ele é uma das raras marcas eternas da cidade de São Paulo.
Os casarões desaparecem e dão lugar à edifícios, que por
sua vez se transformam e dão lugar a outros.
Tudo muda. Uma característica da cidade é esse
movimento, essa rapidez, mas o viaduto permanece alí,
há quatro ou cinco gerações." observa
o artista Marco Angeli.
A ligação entre a Igreja de Santa Ifigênia e o mosteiro
de São Bento não foi batizada casualmente com
o nome de Santa Ifigênia.

Ilustração original

A história da santa tem uma forte ligação com um
mosteiro. Ifigênia foi princesa da Etiópia, filha do
imperador Égipo. Quando jovem, foi oferecida em sacrifício
pelo próprio pai. Momentos antes de morrer, ela invocou o
nome de Jesus como boa discípula de São Mateus e foi salva
das chamas. Depois desse milagre, Ifigênia fundou o primeiro
convento de seu país. Prometida em casamento ao príncipe
Itarco, recusou o matrimônio e teve seu monastério
incendiado. Salvando-o das chamas com as próprias mãos,
Santa Ifigênia passou a ser considerada a santa protetora
dos lares e daqueles que lutam pela casa própria.
A atual igreja é muito frequentada, principalmente no
dia 22 de setembro, dia da santa.

Transcrito da revista RSVP, setembro 2006

RSVP/CARAS AGOSTO 2006 by Angeli




BELEZA DO MUNICIPAL
SALTA EM MEIO A PAREDE DE PRÉDIOS

Quando era criança, Marco Angeli morava na Casa Verde
elevava uma vida típica de cidade do interior, em
meio a hortas, galinheiros e ruas de terra.

Ahahah...um aparte...não sei de onde o Kike tirou essa de
"galinheiros e hortas", mas enfim...

Nos fins de semana, quando seu pai o levava para o
Centro, onde iam assistir as aventuras de Tom & Jerry no
cine Metro, Marco sempre se impressionava com a grandiosidade
da paisagem, destacada por imponentes construções
como o Theatro Municipal e o Colégio Caetano de Campos,
atual sede da Secretaria de Estado da Educação.
Décadas depois, em 2003, quando foi registrar com seu traço
peculiar algumas da belíssimas esculturas que
adornam o interior e a fachada do teatro, percebeu
que tudo havia mudado bastante.

A dupla do Municipal, agosto de 2006

Aqueles edifícios que outrora lhe pareciam obras
gigantescas hoje submergem no verdadeiro mar de
prédios comerciais que brotaram na região.
Mas, em meio à dura paisagem composta por
monótonas paredes de concreto, esquadrias de metal e
vidro, a elaborada fachada do Municipal acaba se
destacando justamente pelo contraste, com seus elegantes
traços inspirados na Opera de Paris e o toque
renascentista de seus detalhes.
“Esse choque entre o reto e o quadrado do novo com
as graciosas e delicadas curvas das esculturas formam
uma imagem muito rica e interessante”,
analisa Marco Angeli.

O original do desenho, de 2003

O Municipal é uma marco cultural da cidade. Além de
ter sediado a Semana de Arte Moderna, em 1922,
foi o palco onde os paulistanos puderam conferir o talento
de artistas como Maria Callas, Enrico Caruso,
Arturo Toscaninni, Isadora Duncan, Rudolf Nureyev,
Nijinsky, Arthur Rubistein, Duke Ellington,
Ella Fitzgerald e as melhores orquestras do mundo,
regidas por brilhantes maestros.

Transcrito da revista RSVP, agosto de 2006

domingo, 24 de agosto de 2008

REVISTA CARAS/RSVP JUNHO 2006 by Marco Angeli


Em maio de 2006, fui convidado pela revista RSVP,
publicação de Caras, para desenhar São Paulo.
O convite de seu editor, Kike Martins, claro, me entusiasmou...
eu desenho a cidade há
anos, é uma das coisas que mais gosto em meu trabalho.
Durante alguns meses, dei sequência á esse trabalho,
escrevendo inclusive sobre a São Paulo que desenhava.

A primeira matéria, o parque do Ibirapuera

O texto da matéria:

MARCO ANGELI FAZ RASANTE
SOBRE O PARQUE DO IBIRAPUERA

'Ele nasceu e se criou em São Paulo, mas já rodou o mundo
com seus desenhos, aquarelas e pinturas à óleo.
Marco Angeli, 53 anos, é um apaixonado pela cidade e a usa
como principal fonte de inspiração para trabalhos que já foram
expostos em São Paulo, no Rio, nos Estados Unidos e na
Europa.
'Apesar de expor raramente, nunca deixei de pintar.
Não houve um ano sequer em que eu sentisse falta da pintura
em minha vida' afirma o artista, que já fez registros da cidade em
vários estilos e suportes diferentes.
Começou fazendo caricaturas em um jornal...

Aqui, um aparte.
Isso não é verdadeiro, uma confusão com outro Angeli,
o verdadeiro cartunista, meu primo.
Essa confusão foi comum em certa época.
Na realidade comecei com publicidade, fui diretor de arte e
diretor de criação de algumas agências, além da que montei.

...depois passou a fazer pinturas abstratas e, á partir
de 1990 investiu em obras mais figurativas.
na obra exposta nesta página, Marco trabalha com desenho
em carvão e tinta acrílica sobre tela á partir da imagem
captada por um fotógrafo posicionado sobre o Monumento
das Bandeiras, na confluência das Avenidas Brasil, Brigadeiro
Luis Antonio e República do Líbano.
A perspectiva inusitada, com o Obelisco da Revolução de 1932,
o lago e as árvores do parque do Ibirapuera ao fundo compõem
uma imagem interessantíssima.

Um dos desenhos que fiz, e não foi publicado:
noite, Avenida Nove de Julho

A escultura de Victor Brecheret, que aparece em primeiro plano,
demorou 17 anos para ser concluída. As obras começaram em 1936
e só terminaram em 1953, quando enfim foi inaugurada.
É uma espécie de "pirâmide" paulistana, pois sua construção
consumiu nada menos do que 240 blocos de granito com cerca
de 50 toneladas cada!
Outro dos não publicados: a Catedral da Sé

Em uma operação mais do que complexa para aquela época,
eles foram trazidos um a um de uma pedreira em Mauá
através de precárias estradinhas de terra.'

O original do desenho do Parque do Ibirapuera, 2006

Vou postar aqui, assim que conseguir organizar o
material, algumas das outras edições de RSVP/CARAS
que tem o trabalho de São Paulo.

Marco Angeli, agosto de 2008


terça-feira, 19 de agosto de 2008

O VENDEDOR DE SONHOS by Marco Angeli

Chega o dia em que todos nós, homens e mulheres,
fatalmente nos deparamos com o espelho e com a pergunta inevitável:
Afinal, o que é que estou fazendo com minha vida?
Nunca existe uma resposta fácil, se honesta,
à essa pergunta. Nem indolor.
Marionetes. Incrívelmente, acabo de ouvir essa palavra
há minutos, pelo telefone.
E a associação é imediata. Sem disfarce. Crescemos, evoluímos
profissionalmente, e os fios que controlam nossas mãos,
nossa mente e nosso coração ficam cada vez mais
numerosos e numerosos, até que simplesmente
reagimos à eles, passivos quase, e deixamos de fazer o que
viemos fazer aqui...viver.
Eu nunca - confesso - havia ouvido falar de Augusto Cury.
Nem do Vendedor de Sonhos.

O Vendedor de Sonhos, livro de Augusto Cury

Comprei o livro por impulso, pela capa talvez, tique
nervoso obtido através de muitos anos lidando com imagens
e publicidade...ou talvez - mais provávelmente - pela contracapa,
onde ‘um homem desconhecido tenta salvar da morte um
suicida...’
Quase desisti no início. Imaginei, nas primeiras páginas, que
seria mais um entre os milhares de livros a desfiar
a eterna lengalenga da auto ajuda, etc.
Não desisti, teria sido um erro terrível.
Continuando a ler me vi claramente, duramente, em muitas
das páginas seguintes. Muitas, demais até.
Muito do que está escrito ali eu pensei em escrever, durante
muitos anos. Mas não escrevi.

Sobre escolhas a serem feitas. Sobre perseguir nosso sonho.
Acredito nisso, hoje mais do que nunca, porque tive que
fazer escolhas. Porque persegui meu sonho, e acreditei
nele, por mais céticas que fossem as pessoas ao meu redor.
E ensino isso ao meu filho, o que tenho de mais precioso
na vida.
Augusto Cury, entretanto, coloca isso e muito mais no
Vendedor de Sonhos com uma simplicidade absurda,
desconcertante.

Aprendi, durante anos falando e exercendo uma atividade
criativa, que a simplicidade, muitas vezes esquecida, é sempre
uma chave mágica, infalível...o óbvio, o simples...nem
sempre é visto. Nossa vida é tão complicada que temos
o vício de complicá-la desnecessáriamente mais e mais.
E nos atolamos num universo de possibilidades inexistentes,
de dúvidas inúteis...

O Vendedor de Sonhos fala de preconceito, fala de Jesus Cristo,
dos espíritas, da religião muçulmana. Considera a todas
igualmente pelo que tem de melhor, de maneira universal,
simlesmente pelo bem que fazem ao ser humano.
O preço pela criatividade é alto. Nem sempre a palavra ou
os atos criativos são aceitos.
O maior exemplo disso é o próprio Jesus Cristo, o maior
fenomeno de mídia da história da humanidade, que por
suas idéias criativas acabou simplesmente assassinado.
Conseguiram matar o homem, mas não suas palavras.

Sonho, utopia?
Assim foi com Gandhi, com Martin Luther King,
com John Lennon...e outros.
O preconceito, tratado no livro por Cury, é um
dos cacoetes mais odiosos da humanidade, e mais
persistente. O preconceito mutila a difusão da cultura,
a expansão do conhecimento...gera guerras, assassinatos,
e é uma das maiores provas de estupidez cega da história
do homem. Basta lembrar que esse mesmo preconceito
eliminou seis milhões de seres humanos, judeus, através
de Hitler. Ou destruiu uma cultura inteira, muçulmana,
através das Cruzadas.

Mas o Vendedor de Sonhos trata do homem e do que faz
com sua vida. E o que poderia fazer, o que é fascinante.
É uma parábola. Uma parábola sobre a vida de todos
nós. Como eu, acredito que qualquer pessoa se verá em suas
páginas. É inquietante, instigante.
Em determinado momento, uma pergunta, à alguns
altos executivos, num cenário surpreendente, um
cemitério:
‘-Durante trinta segundos coloquem-se no lugar de seus
filhos e pensem nas mensagens que eles escreveriam para
serem um dia afixadas em seus mausoléus.’

Enfim, o Vendedor de Sonhos reforçou muitas coisas em
minha vida em que eu já acreditava e me fez pensar em
muitas outras.

Descobri que Augusto Cury é psiquiatra, psicoterapeuta e
um escritor reconhecido. Me arrependo hoje pela minha ignorância,
por não ter tido tempo de descobrí-lo antes.

Na contracapa do livro, não existe uma sinopse, apenas
uma frase, de uma fecilidade absoluta:

‘Como se achar sem nunca se perder?’


Marco Angeli, agosto de 2008

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

EL TANGO by Marco Angeli

Intrigante, às vezes, como algumas obras me
surpreendem.
A reação das pessoas á minha pintura é em alguns
casos imprevista, interessante.
Me surprendi exatamente por isso, há alguns dias, pela
empatia que um de meus trabalhos teve-de maneira
meio que inesperada.
A obra 'El Tango' que pintei em abril deste ano por
sugestão de Dora Santoro, artista floral que admiro, foi
resultado de alguns estudos de 2005. Neste ano procurava
imagens para retratar Buenos Aires, e acabei criando uma
tela com o tango, que incidentalmente representava
muito bem a cidade. Eu já havia fotografado, na Espanha,
as cuevas e seu flamenco, e o tema já me interessava.

A tela 'El Tango', de abril deste ano, 120 x 140 cm,
ao lado do arranjo de Dora Santoro.

Raramente uso esses temas. 'El Tango', confesso,
foi resultado da sugestão de Dora, que participou comigo
da mostra 'The Penthouses', no Tamboré. A obra fez
parte da mostra cujo tema era a mulher urbana.
Fiz um pequeno texto para apresentar a exposição, na época:

'A mulher e a paisagem urbana

A mulher, enquanto inserida na paisagem cinzenta e
gigantesca das cidades,
é a presença nem sempre oculta da beleza,
da força, da sensibilidade e da cor.
A força da presença feminina está aqui e alí,
espalhada discretamente ou não por entre os edifícios,
mostrando aos homens que o essencial
nem sempre é o concreto e o aço.
O concreto e o aço não se bastam,
falta a poesia...a poesia das mulheres, ricas ou pobres,
brancas ou negras, que ao lado dos
homens constroem as metrópolis, como sempre fizeram...
Talvez o maior ícone da feminilidade sejam as flores,
frágeis e ao mesmo tempo fortes, persistentes, silenciosas...
E belas.
Esta pequena mostra é ao mesmo tempo uma homenagem
à todas asmulheres e um reconhecimento à sua presença,
fundamental e indiscutível.
Como as próprias flores,
essa presença transforma a paisagem urbana,
a humaniza, é seu coração, e traz consigo a própria vida.

Marco Angeli, abril de 2008 '

No entanto, 'El Tango' fez sucesso imediatamente.
A empatia com as pessoas foi enorme e me surpreendeu
desde o primeiro momento.
A mostra foi muito rápida e 'El Tango' acabou guardada
em meu studio, quase esquecida graças à correria em
que vivemos por aqui. Correria que adoro, por falar nisso.
Enfim, há alguns dias, ela foi levada- acidentalmente-
junto com outros trabalhos meus para a galeria em
São Paulo que me representa.
Assim que foi retirada a proteção que a embalava,
já dentro da galeria, causou paixão- á primeira vista-com uma
cliente, que também acidentalmente, visitava a galeria.

'El Tango', detalhe

A obra foi adquirida imediatamente por
Marcia de Souza Faula, a cliente 'acidental', que a
levou para Brasília, onde mora.
Eu estava por alí meio que incógnito, e foi bem
bacana presenciar essa reação.
Mais tarde fui apresentado à Marcia, que muito
gentilmente me cumprimentou pelo trabalho.

O esboço para o painel para o Café la Boca, em 2005.
A idéia era retratar Buenos Aires, ao fundo.
A pintura final tem o formato de 300 x 220 cm, e
usei carvão e acrílico sobre canvas.

Fiz ainda, nessa época, vários estudos sobre o próprio
bairro La Boca, na cidade de Buenos Aires, de que gosto
muito, talvez pela presença maçiça de imigrantes italianos,
ou talvez pelos artistas que circulam por alí o
tempo todo. E talvez ainda pela deliciosa mania que
tem seus habitantes de pendurar suas roupas,
coloridas, nas janelas de suas casas para secar ao sol.

Um dos estudos de 2005, o bairro la Boca

Buenos Aires, de 2005, esboço que não foi usado

Claro que depois dessa demonstração do poder
que essa imagem parece exercer...só me resta
desenterrar minhas velhas fotos da Espanha e suas
cuevas...e começar a ir trabalhando numa série do
flamenco...o que vou gostar muito de fazer,
devo admitir...

Marco Angeli, agosto de 2008

terça-feira, 5 de agosto de 2008

MCDONALD'S JAGUARÉ by Marco Angeli

A loja do McDonald's da Avenida Jaguaré, em São Paulo,
acaba de ser reformada.
Criei para ela algumas imagens, com o tema da
cidade, e usei para pintá-las um processo que estou
desenvolvendo- mistura de arte com digital- e
o resultado tem sido interessante, abre alguns caminhos
novos, e adoro isso, essa experimentação.

McDonald's Jaguaré, São Paulo

A loja é franqueada e o tema foi discutido e
aprovado com David, o proprietário da franquia.
O trabalho foi impecável desde seu início.

O painel central, no formato de 195 x 92 cm

Todo o desenho foi feito digitalmente, em
alta resolução, e impresso sobre canvas, a mesma
que uso em minhas pinturas.
Sobre a cópia final trabalhei com acrílico, carvão
e pastel, e finalizei as imagens.


Detalhe, painel central, os fundos do Teatro Municipal,
em São Paulo

Os painéis laterais, de 110 x 150 cm cada um

O Largo de São Bento, hoje

Detalhe, Largo de São Bento

Esquina, Rua São Bento

Detalhe

As imagens que usei como referência para este
trabalho foram de um arquivo grande que tenho
de fotos que tenho feito de São Paulo e outras cidades
nos últimos anos.
Como alguns amigos, Bruno Santana por exemplo,
adoro o centro da cidade nos domingos de manhã,
quando essa metrópole doida parece sonolenta,
preguiçosa...numa espécie de momento de trégua
para a adrenalina que circula frenética e caótica por
suas ruas, sempre e sempre.

Cesinha, IlhaSantorini

Enfim, tenho que agradecer ao Cesar, da IlhaSantorini,
parceiro, que fez as impressões digitais e trabalhou
comigo na evolução deste trabalho. Grazie, mano.
E vamos nessa, estou desenhando o próximo.

Marco Angeli, agosto de 2008

domingo, 3 de agosto de 2008

LOST FILES by Angeli


Durante a correção de alguns problemas no servidor
dos micros aqui do studio alguns arquivos,
 entre eles alguns dos posts deste blogs, foram
acidentalmente deletados.

Infelizmente a exclusão foi permanente.
Peço desculpas pelos comentários perdidos.

Marco Angeli, agosto de 2008