domingo, 17 de junho de 2007

SÔNIA FURLAN, PRIMEIRA DAMA by Angeli

Sonia Furlan é a presidente do Fundo Social de Solidariedade de Barueri. E a primeira dama da cidade.
Não sou de usar muitos adjetivos quando descrevo alguém, talvez faça parte desse meu espírito meio desconfiado...
Mas, de verdade, nunca conheci uma mulher que significasse tão
completa e simplesmente o título de primeira dama como Sonia Furlan. E olhem que esta impressão foi imediata, hoje, quando acabo de conhecê-la. No entanto...
Não afirmo isso pela sua beleza, carisma ou inteligência, isso seria óbvio demais, no caso...
Mas...existe muito mais nela; aquela vocação que a gente sente, em algumas pessoas, pelo social, pela solidariedade...aquele impulso que leva essas pessoas a querer, sempre, transformar o mundo e a vida das pessoas à sua volta em algo melhor, mais digno, mais valioso...


120 x 100 cm, carvão e acrílico sobre canvas, 2007


Isso nem sempre está nas palavras...mas nos olhos dessas pessoas.
Ela comentou comigo, sobre seu retrato, que o que mais havia gostado nele eram os olhos...que tinham a esperança dentro deles, ainda, que jamais morreria.
A esperança de poder continuar seu trabalho com as pessoas.
Não foi uma coincidência.
Quando pintei seu retrato me concentrei nos olhos e principalmente neles. Herança talvez de meu pai, que me ensinou que um retrato- antes de tudo- está nos olhos...a gente pode não ser fiel quande desenha uma boca, o formato de um rosto...mas os olhos...
Eles são a alma do retrato, a alma das pessoas, além das próprias palavras, além de um mero discurso...
Esse é o caso de Sonia Furlan...o que ela diz está em seus olhos.
Ou o que ela canta.
Eu a ouvi cantar Imagine, de John Lennon- e espero
não estar cometendo aqui nenhuma indiscrição- no dia de seu aniversário. Lindo, realmente:
You may say,
I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope some day
You'll join us
And the world will be as one

Verdade.

Marco Angeli, junho de 2007

120 x 100 cm, carvão e acrílico sobre canvas, 2007

terça-feira, 12 de junho de 2007

CLEIDE BENFICA, TECNO E FREUD by Angeli


Cleide Benfica é psicóloga.
Nos conhecemos numa festa na casa de amigos de amigos em que caí totalmente por acaso...foi numa daquelas noites em que a gente sai pra fazer algumas coisitas, voltar logo, e....
Com ela, a mesma coisa...ela chegou umas duas da matina e engatamos uma conversa em que Freud e Jung se misturavam com o tecno que as pessoas dançavam à nossa volta, e ela quase me convenceu de que regressão não era uma terapia válida...




Tenho um certo fascínio por coisas que jamais faria na minha vida, como alpinismo ou regressão, e naquela noite ela me explicou com um ar profissional que a linha de psicanálise que ela adotava lidava com o presente do paciente como terapia...
Eu a convidei pra ser fotografada em meu studio- pra esse trabalho experimental que faço no blog- e ela topou, entusiasmada...
Saímos, ficamos amigos.



Ela me acompanhou, dias depois, quando eu fotografava o Porto de Santos. Escutávamos Elvis, um CD antigo que ela havia achado entre meus discos...e adorava.
Foi uma espécie de despedida. Dias depois eu a levava ao aeroporto. Destino: New York, cinco meses.
Trabalho, estudo, e provávelmente saudades. Muitas.


Tchuka Ferraz, ao fundo, ligeirinha como sempre



Dei pra ela, um pouco antes do embarque, o velho CD do Elvis...
Que hoje, ela me diz, escuta todos os dias...
E me promete escrever um texto sobre suas impressões, as primeiras, da Big Apple...
E eu aguardo...

Marco Angeli, junho de 2007

quinta-feira, 7 de junho de 2007

O EROTISMO DE FRÉDÉRIC BOILET by Angeli


Frédéric Boilet é um dos raros casos de autores
Ocidentais bem sucedidos no mercado de quadrinhos
do Japão e foi o ganhador da primeira bolsa anual de
mangá da Editora Kodansha.
É o precursor e principal nome da Nouvelle Manga,
movimento similar à Nouvelle Vague do cinema francês
dos anos 60. Este movimento estabelece relações entre
a tradição européia e a japonesa explorando temas do
cotidiano, até então quase ausente dos quadrinhos
europeus...E quem gosta de quadrinhos deve ver...



Eu poderia ficar falando e falando sobre quadrinhos,
e provávelmente jamais me cansaria...
Eles são minha paixão desde pequeno, de
Robert Crumb a Frank Miller, passando por Hugo Pratt,
Stan Lee e Nico Rosso, que publicava aqui no Brasil...
É uma paixão como a marcenaria e o piano, que nunca cheguei
a exercer profissionalmente...mas colecionei,
cuidadosamente, como jóias raríssimas...
Em minha coleção tenho algumas preciosidades como
A Balada do Mar Salgado - o Corto Maltese de Hugo Pratt,
que ganhei de presente do Duran, ou o número 0 da Zap do
Crumb, edição underground original americana…
Coleciono sempre, é uma fraqueza, quase...
Mas difícil, hoje, encontrar alguma coisa realmente nova
no meio desse besteirol digital-americano de enredos
incompreensíveis e desenhadas por 30 caras, onde um
faz o traço, outro escreve, outro coloca tinta nankim,
outro faz a sombra, outro o balloon e assim por diante,
tirando o maior mérito das HQ, que é a obra e o
estilo do autor...





Então - um achado - o trabalho de Frédéric Boilet,
que desenha e mora no Japão...
Não existe interferência alguma em seus quadrinhos,
é realmente um trabalho de autor, uma narrativa rica
e sensível de sua própria vida, ou de suas mulheres.
Lindo pela simplicidade, pela pureza do traço, da
sensibilidade do autor diante dos encontros e
desencontros, do próprio amor...


Outra HQ de Frédéric, belíssimo

Marco Angeli, junho de 2007