sexta-feira, 28 de maio de 2010

INTERVIEW with Marco Angeli


 Essa entrevista acaba de ser publicada no site Batelli,
Unique Style, pela jornalista Joana D'Arc Azevedo.
Ela resume um longo caminho, e a coloco aqui: 

Entrevista com Marco Angeli 
Publicitário de formação e artista plástico por amor e vocação
Nascido em São Paulo, de descendência italiana,
da região de Luca, norte da Itália, tem dupla cidadania.
Usa em suas pinturas a técnica de carvão e acrílico sobre canvas.


 

JDAComo  e quando você despertou para a arte?
Marco Angeli - Pequeno, eu andava fascinado com meu pai 
pelas ruas do centro antigo de São Paulo e meus olhos
registravam aqueles edifícios imponentes de outras épocas,
e os homens de pedra que incansávelmente
seguravam suas colunas enormes...

 

JDA - Como você iniciou sua carreira?
Marco Angeli - Em casa outro motivo de fascínio
eram as mãos de meu pai movendo devagar o pincel 
sobre o papel branco, pintando uma de suas aquarelas.
Eram muitas, e eu observava aquela mágica, 
as imagens surgindo, obtendo dimensão, cor, vida...
Joalheiro por profissão, meu pai desenhava por amor 
e logo percebeu em mim o mesmo gosto, a mesma vontade.
Assim, adolescente, conseguiu que eu estudasse
com um de seus amigos, o artista plástico italiano Dante Embrione.

 Mario Angeli, meu pai, em auto retrato de 1950,
grafite sobre papel.

JDA - Que outros caminhos você trilhou relacionados as artes?
Marco Angeli - Em alguns meses Dante percebeu a vontade 
com que eu desenhava, e me colocou para trabalhar 
com ele em seu atelier, como um de seus assistentes.
Comecei a desenhar profissionalmente nessa época.
Tinha 17 anos.Nunca mais parei desde então.
Esqueci rápidamente dos movimentos estudantis dos quais 
participava -estávamos no Brasil da ditadura- e me
dediquei ao que realmente me interessava, aprender
.Desenhava o que podia, aprendia a criar design de embalagens, 
criava logomarcas,desenhava e estudava tipos de letras, 
lay out de anúncios.Inquieto, procurei as agências de propaganda,
era o caminho então, já que, como muitos
adolescentes, precisava pagar minha faculdade.
Com 20 anos havia trabalhado ininterruptamente em
agências e studios de arte, ilustrando, criando e desenhando.
Num deles, o studio do inglês Nairo Lambert Watson,
fiz quase uma centena de ilustrações em aquarela 
para uma enciclopédia. 
Nessa mesma época trabalhei no atelier do
artista plástico Fukuda -afilhado de Manabu Mabe- e criávamos
juntos peças para publicidade e alguns outros
trabalhos comerciais. 
Percebi rápidamente que, se quisesse continuar a desenhar e
sobreviver com isso, a única forma possível seria
a propaganda, não havia aqui, efetivamente, incentivo
algum à arte ou à cultura.
Foi o caminho de muitos.E, infelizmente, muitos
profissionais se perderam nele, grandes talentos.

 Ilustração, aquarela sobre papel Schoeller, 1995 

JDA - Que outros trabalhos você também realizou?
Marco Angeli - Em 1974, por um acaso, acabei indo
trabalhar na Editora Abril como diretor de Arte,
especialmente para desenvolver o design de uma nova
revista voltada à um público dirigido, de moda.
Criamos nessa época o Noticiário da Moda,
com Thomaz Souto Correa, Fernando de Barros,
Constanza Pascollato, Cristiane Fleury e outros
colaboradores...Noticiário foi uma publicação dirigida
e especializada que acabou fazendo parte da história
da moda no Brasil.

 Ilustraçao para Playboy, 1982, aquarela sobre
papel Fabriano   

JDA- Você também trabalhou com grandes nomes
do mundo das artes, quem são eles?
Marco Angeli - Trabalhávamos com fotógrafos como
Chico Aragão, Luis Tripoli, Fernando Louza e criamos
um estilo interessante em design editorial, criativo...
Em pouco mais de um ano a publicação foi incorporada
a outra, a revista Claudia Moda, e já andava sózinha.
Inquieto, saí da Abril e montei uma agência de propaganda
com alguns sócios de lá mesmo.
Era a Lapix de Propaganda, voltada exclusivamente para
a promoção do mercado de moda.
Trabalhávamos com a imagem de marcas como a Ellus,
Gledson, Trevira e Zoomp, que surgia nessa época.
Paralelamente eu desenhava dezenas de ilustrações para
o editorial da revista Playboy, o que fiz durante anos.
Continuei, nas edições brasileiras da revista, as ilustrações de
Pat Nagel, quando ele faleceu nos EUA.

 Capa de Playboy São Paulo, 1984, ilustração
á nankim e ecoline sobre papel Schoeller. 

JDA - Cite Mais alguns trabalhos que você fez e com quem ?
Marco Angeli - Fazia também, com um prazer grande,
as capas da Interview brasileira, seguidora da
americana de Andy Warhol, a quem admirava.
Desenhei dezenas de capas para Claudio Schleder e
Richar Raillet, -editores de Interview- ao lado de outros
artistas como Zaragoza, Newton Mesquita,
Claudio Tozzi, Rodolfo Zanni e o próprio Richard.
Essas capas foram expostas no início dos anos 80
numa mostra memorável na galeria São Paulo,
e me renderam a inclusão no livro 'A História da Moda Brasileira',
da Editora Cosec & Naif, que relaciona os
profissionais que fizeram a moda no Brasil desde seu início.

 

JDA- O que mais marcou em sua carreira
que você poderia dizer é isso mesmo o que eu
quero pra minha vida?
Marco Angeli - Em 1984, admirador de Tomie Ohtake
e cansado do figurativo, eu ruminava sobre
a pintura abstrata, e fazia alguns estudos.
Em 1985, convidado por Jairo Kelner, grande amigo
e na época diretor cultural do Banco Real,
fiz minha primeira exposição de pintura abstrata, na sede
do banco, avenida Paulista.
A avenida Paulista, de certa forma, foi um marco em minha
vida e meu trabalho.
Sempre exerceu um fascínio grande sobre mim, e muita
coisa começou alí.
A mostra foi um sucesso e nos anos seguintes fiz,esporádicamente,
exposições desse trabalho em Recife, São Paulo e Rio de Janeiro.

Acrílico sobre canvas, abstrato, 1985, 200 x 120 cm  

JDA- O que o fez desistir da carreira de publicitário
e ficar somente com as artes plásticas?
Marco Angeli - Eu me dividia entre a pintura e meu trabalho
de arte na publicidade.
Criei e executei cenários para cinema, desenhei personagens
como a abelhinha símbolo da poupança Bradesco,
centenas de ilustraçõese fazia assessoria de arte para algumas
agências.A pintura e o desenho não me abandonavam.
Mas a minha vontade era dedicar- me inteiramente a pintura.



JDA- Conte um fato diferente em  sua carreira como artista plástico.
Marco Angeli - Cheguei a pintar uma casa inteira com
airbrush, na Rua Estados Unidos, em São Paulo,
e desenhei as ilustrações -através da JWalther Thompson- para a
campanha de incentivo ao Masp, o que
incluiu uma faixa gigantesca
pintada em meu studio que cobriu a fachada do edifício durante
alguns meses,na Paulista, que já tinha muitas obras minhas,
como nos escritórios da General Electric.

A casa da Torremolinos, aerografada, 1991.

JDA- Você fez trabalhos para grandes empresas famosas
fale um pouco sobre elas .
Marco Angeli - Em 1982, a multinacional McDonald's
veio para o Brasil e me convidou inicialmente para trabalhar
algumas imagens de São Paulo antiga, com base em meu
trabalho com as capas de Interview.
Criei alguns painéis enormes da cidade que foram
colocados na Rua São Bento, em São Paulo.
Estabelecemos nessa época uma relação que dura até hoje,
com centenas de trabalhos executados no Brasil e no
exterior. Em 1982, no Brasil, a rede buscava
quem seguisse o estilo americano
para o desenho dos painéis dos seus personagens,
e acabei desenvolvendo uma técnica especial de pintura
com base em airbrush e recortes para eles.
Durante cerca de 20 anos meu studio desenhou e produziu
esses painéis para a rede brasileira e algumas para o exterior.
No final dos anos 90, á partir de esboços que havia realizado
em 1990, para uma mostra em São Paulo,
comecei a desenvolver uma série de estudos para retratar
São Paulo, ajudado pelo arquiteto e
amigo Ivan Scarpellini, da Dorsa.
Esses primeiros trabalhos foram colocados pelo Ivan
em algumas das lojas dos McCafés em São Paulo,
e fizeram sucesso imediato.
Me apaixonei completamente pelo tema e pelo trabalho
e à partir daí desenvolvi a série de pinturas e portraits
que executo até hoje.
Em 2006, declarei esse amor por São Paulo em algumas
matérias que escrevi durante alguns meses para a
revista RSVP/Caras, comentando e desenhando a cidade...

 O McCafé da Avenida Henrique Schaumann, de 1999,
projeto do arquiteto Ivan Scarpellini, com as
primeiras pinturas de São Paulo 

JDA- O que foi realmente fator decisivo
em sua carreira como artista plástico?
Marco Angeli - Em 2001, depois da série de crises mundiais
como a da Ásia,  a publicidade entrava num processo
de mudanças radicais, com o uso dos computadores.
E a arte seguia esse caminho.
Grandes artistas, ilustradores e fotógrafos iam desaparecendo
nesse processo, que mudava o conceito de arte
em propaganda de forma inexorável e irreversível.
O espaço para a arte na publicidade e em editoriais
se reduzia e mudava enormemente em consequência de um
barateamento que se fazia necessário no sistema.
O computador foi sem dúvida o grande desencadeador
desse processo, para o bem e para o mal.
Finalmente, em setembro de 2001 eu me encontrava incomodado
com o rumo de meu trabalho, com problemas pessoais,
e o atentado á New York que mudou o mundo acabou
me forçando há uma escolha adiada há muito.
Ligado quase que exclusivamente à um único cliente norte americano,
a queda das torres em New York significou para mim
o final de meu studio como o concebera até então.
Decidi fazer finalmente o que me satisfazia como profissional
e principalmente como ser humano: pintar.
De certa forma, em 2001, voltei ás minhas origens.
Com publicidade e editorial, ao longo dos anos, realizei um trabalho
que gostava, ganhei alguns prêmios, inclusive em New York,
mas em momento algum, apesar das dificuldades desse processo,
me arrependi de minha decisão em 2001.


Hoje ainda executo alguns
raros trabalhos em propaganda e ilustração,
mas a pintura é o que me move, é meu caminho
.É, ao mesmo tempo, um retorno e uma evolução.
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A matéria na íntegra pode ser vista no site Batelli Unique Style.

Marco Angeli, maio de 2010 

domingo, 23 de maio de 2010

GRAVURAS by Marco Angeli


Estou disponibilizando as imagens que coloquei hoje
no Face para quem gostou e quiser adquiri-las,
como gravuras, sobre papel Canson ou mesmo sobre tela.
Serão datadas e assinadas, e como são reproduções,
o custo será bem bacana...mas continuo
com o trabalho da pintura sob encomenda também...
Tenho originais aqui de estudos e desenhos de 20, 25 anos...
e estou curtindo fazer essas reproduções numeradas e 
assinadas, tudo em papel francês, etc...
Isso é bem bacana pois possibilita ás pessoas que gostam
terem meu trabalho á um custo bem acessível.
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Estou colocando aqui algumas imagens, mas qualquer uma
das obras que constam do álbuns Painting I e Painting II,
no Facebook podem ser encomendadas sob consulta. 
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Os contatos para encomendas são:
studio@marcoangeli.com.br e 11 8655.2318

 Exemplo de gravura emoldurada, vidro anti reflexo.

Formato 60 x 40 cm, papel Canson 200g, R$ 700,00

 Formato 60 x 40 cm, papel Canson 200g, R$ 600,00

Formato 60 x 40 cm, papel Canson 200g, R$ 600,00

 Formato 60 x 40 cm, papel Canson 200g, R$ 600,00

Formato 60 x 40 cm, papel Canson 200g, R$ 600,00

  Formato 60 x 40 cm, papel Canson 200g, R$ 700,00

 
Formato 60 x 40 cm, papel Canson 200g, R$ 600,00

 Formato 60 x 40 cm, papel Canson 200g, R$ 700,00

 Formato 60 x 40 cm, papel Canson 200g, R$ 700,00

 Formato 60 x 40 cm, papel Canson 200g, R$ 600,00

 Formato 60 x 40 cm, papel Canson 200g, R$ 600,00

 Formato 60 x 40 cm, papel Canson 200g, R$ 600,00

Formato 60 x 40 cm, papel Canson 200g, R$ 700,00

Formato 60 x 40 cm, papel Canson 200g, R$ 700,00

Formato 60 x 40 cm, papel Canson 200g, R$ 600,00

    Formato 60 x 40 cm, papel Canson 200g, R$ 600,00

Formato 60 x 40 cm, papel Canson 200g, R$ 600,00

 Formato 60 x 40 cm, papel Canson 200g, R$ 600,00

Formato 60 x 40 cm, papel Canson 200g, R$ 600,00

   
Formato 60 x 40 cm, papel Canson 200g, R$ 600,00
............................................................ 

OS PORTRAITS
 Os portraits podem ser em gravuras, digitais
ou pintura sobre tela, sob consulta.

 Bruna Tang, 2010, carvão e acrílico sobre canvas, 130 x 100 cm 

 Adriana Picchetti, 2009, carvão e acrílico s canvas, 200 x 100 cm

Estarei atualizando este post com novas imagens disponíveis
em breve...

Marco Angeli, maio de 2010 

sexta-feira, 21 de maio de 2010

SHERLOCK HOLMES, THE MOVIE by Marco Angeli

Sou fã de Robert Downey Jr. há muito, desde
1987, acho, quando assisti The Pick Up Artist
Vieram depois Tropic Thunder, Less Than Zero e Chaplin.
E, últimamente, o Homem de Ferro. 
Junto com Johnny Deep, acredito que forma a dupla de
atores norte americanos mais expressiva no momento.
Sherlock Holmes, o último filme de Downey depois de
O Solista -muito bacana- também, é sem dúvida um grande filme.


Começando pela fotografia meio noir de Philippe Rousselot,
que acaba mesmo nos remetendo à velha Inglaterra do
famoso detetive e seu inseparável amigo, Watson.
Mas o Sherlock de Downey, dirigido por
Guy Ritchie, é em muito diferente do estereótipo
do detetive sério e dedutivo que conhecemos, inclusive
no visual, que virou um ícone á partir do primeiro
livro de Sir Arthur Conan Doyle.






 Downey e seu Sherlock, desleixado, engraçado
e muito perspicaz... 

 Downey é meio maluco e dá uma interpretação fantástica,
criativa ao personagem. Seu Sherlock é 
excêntrico, desleixado, briguento e extremamente
ciumento. E quando se trata de mulheres, é péssimo.

 Jude Law,  as Doc Watson, segurando a onda do amigo
ciumento, genial e maluco...

Principalmente com Yvonne, sua 'inimiga' e mulher
 que o impressiona vivamente. Piora e muito,
numa interpretação fantástica de Downey, que
deve ter se divertido com o papel.


A bela Rachel McAdams, as Yvonne, perturbando
o raciocínio de Sherlock Holmes, nada previsível...  

 Na vida real, não é lá muito diferente.
Até o momento o ator se casou três vezes, esteve em
cana por causa de drogas um par de vezes e
cumpriu um ano de reabilitação por isso.

Downey, 1999, cana por causa de drogas,
e um ano de reabilitação 

 Mas os personagens interpretados por ele
são mesmo inesquecíveis, como os de Deep. 
Numa entrevista recente, em dezembro de 2009,
pouco antes do lançamento
de Sherlock, Downey disse que veríamos um
personagem diferente de todos os que havíamos visto.
 Acertou na mosca, e valeu a pena.
O filme em si é extremamente bem produzido, editado e
dirigido...e a interpretação de Downey, de Rachel McAdams e
Jude Law seguram tudo, fazem de Sherlock
um grande filme, cheio de humor. 
Destaque para as vinhetas finais do filme, dos créditos,
muito bem desenhadas e coerentes com o visual
geral do filme.







Os créditos finais, valem a pena ver, realmente

 Um filme que vale ver, e para os que curtem arte e
design gráfico, até os créditos, com certeza.

Marco Angeli, maio de 2010