domingo, 30 de agosto de 2009

ARTSTORE


Tenho notado, nos contatos que tenho com o pessoal de
propaganda e marketing, e mesmo de clientes que de uma maneira
ou outra são ligados à arte, que existe quase sempre uma
dificuldade grande para se encontrar bons profissionais ou
produtos na área, como artistas plásticos, fotógrafos, ilustradores,
profissionais de texto e imagem, editores de vídeo, etc...
Conversando outro dia com meu irmão, diretor da RS Direct,
agência de propaganda e marketing direto, ele me dizia:
-Quando um cliente me pede um produtor de
conteúdo para a web, por exemplo, é sempre um
problema, porque não sei onde encontrar ou
procurar um bom profissional nessa área...

Foi assim que tive a primeira idéia para este ARTSTORE.
A idéia é ter uma qualidade excelente de profissionais e serviços
ligados de todas as formas á arte. E gerar negócios.



ARTSTORE está aberto gratuitamente
à todos os bons profissionais que queiram colocar
seus trabalhos e contatos.

Para isso basta enviarem seu material, razoávelmente dentro
desta formatação que estou dando ao blog,
e será publicado imediatamente, após moderação.
Essa filtragem é necessária apenas para
manter o nível e competência profissional dos participantes.
A idéia é simples: quanto mais serviços e profissionais de
qualidade tivermos, desde free lancers á estúdios, maior será
a visibilidade, o que beneficiará, cada vez mais, à todos.

Marco Angeli

terça-feira, 25 de agosto de 2009

MARISA TOMA by Marco Angeli


Não conheci Marisa Toma.
Isso provávelmente aconteceria, já que trabalhávamos
paralelamente num projeto para uma amiga em comum, minha
cunhada Ruth Vasconcellos, diretora de arte e designer.
Tristemente, acabei conhecendo o trabalho de Marisa,
-especialmente o blog que editava- apenas agora,
após sua morte trágica e estranha.
Marisa, aos 33 anos, foi encontrada morta na
sexta (21), no seu apartamento em São Paulo, em
circunstâncias no mínimo estranhas.
Sua última postagem no Twitter, na noite anterior,
indica a hipótese de suicídio:
'bai pipou! Foi bom brincar com vocês! bjo bjo"
No entanto, isso será investigado, já que as
condições em que foi encontrada parecem não indicar isso.
Mas isso nem importa tanto.
O importante é que- de repente- somos levados a parar
e refletir fatalmente se a correria em que vivemos,
as prioridades que estabelecemos, e os objetivos
que perseguimos todos os dias valem realmente.
Ou...refletimos se nos damos ao trabalho de olhar
para os lados, eventualmente...para perceber o que
as pessoas que amamos estão sentindo.

E pelo que estão passando.



Marisa: "I am what I am. Someone has to be".

Marisa trabalhava com publicidade, como
Coordenadora de Mídia Social da AgênciaClick, mas acredito
que seu trabalho mais expressivo estava no blog
que editava, Objetos de Desejo, extremamente bem feito
e com um gosto refinaldo, acima de tudo.
Marisa parecia amar seu blog, e isso fica mais do que
evidente quando o visitamos.
Marisa tratava de design, moda e tecnologia com
carinho e muito, muito trabalho.
Eu e todas as outras pessoas que editam blogs
sériamente sabem que é um trabalho árduo, difícil,
principalmente no caso do blog de Marisa, que se
propunha a divulgar novidades constantemente.
É preciso empenho e principalmente amor pelo que se faz.
E isso está lá, no blog de Marisa.


Eu poderia estar escrevendo este artigo simplesmente
lamentando o desaparecimento prematuro de uma
colega excepcional, como fizeram muitos outros.
Mas não é o caso.
Escrevo este artigo como o faria de qualquer maneira,
para lhe dar parabéns pelo trabalho no blog.
Apesar de tudo esse trabalho continuará aqui entre
nós, circulando, sendo lembrado e elogiado.
As pessoas como ela infelizmente se vão, cedo ou
tarde, mas os resultados de seu empenho e de seu
esforço permanecem.
Como um testemunho.
Parabéns, Marisa.



Marco Angeli, agosto de 2009

domingo, 23 de agosto de 2009

VIDA É MOVIMENTO by Monica Comenale


Publicado originalmente no site Guia de Mulher:

Vida é movimento e saber viver é uma arte



'Viver é uma oportunidade única!
Uma jornada individual que se reinicia todos os dias,
repleta de escolhas e possibilidades.
O bom aprendiz caminha atento e agradece ao acordar
a cada manhã, enxerga a beleza que
se disfarça na simplicidade
onde flui a paz, entende que os resultados
de hoje foram as opções de ontem, aprende a se refazer
nas pequenas conquistas,
aprecia o hoje antes do incerto amanhã, porque sabe que
não é o tempo que passa, mas nós quem passamos...
Vida é movimento e saber viver é uma arte...
Há uma longa distância entre sentir-se vivo e apenas existir.
O mundo interior dá sinais de alerta,
mas a rotina exterior o contesta.
Seguimos na confusão da vida sem notar quando
começamos a nos perder de nós mesmos, até que venha
a saudade num dia qualquer,
para nos lembrar de como éramos...



Assim, começa para muitos a busca íntima do resgate pessoal.
Para manter o rumo durante o percurso não basta
determinação, tem que ter coragem, saber arriscar e ousar.
Pedras atrapalham, mas também nos
ensinam porque surgiram;
nem sempre se pode removê-las, mas
contorná-las é possível
desde que os olhos se mantenham no horizonte, onde
estão as metas, sonhos e ideais.
Recomeçar sempre que for preciso é permitir-se
uma nova chance.
Datas não servem para marcar o início,
apenas para protelar. O melhor momento para o que
deve ser feito é e sempre será “agora”.
Quem espera não realiza, apenas se deixa levar...
Aproveite seu caminho a cada passo,
sinta-se livre em si mesmo,
redescubra o prazer e a leveza em simplesmente ser.
Cultive a paz no espírito e relacione-se
com seu Criador, porque ele acredita em você...
enquanto o mantém respirando.

No fundo o que importa..., “é fazer valer a pena”!'

Mônica Comenale


Monica Comenale é administradora de empresas com o
Curso de Negociações de Contratos Internacionais
(Instituto de Logística da Aeronáutica).
Juíza de Campeonatos de Helicópteros (Association of America, Las Vegas)
e Juíza de Campeonatos de Acrobacia Aérea
(Academia da Força Aérea Brasileira).
Experiência nacional e internacional na organização
e realização de Shows Aéreos e Feiras de Helicópteros
em Bases Aéreas Militares, e foi Redatora Comercial e Colunista
do Jornal Tribuna Impressa.



De uma conversa nossa, numa dessas madrugas,
sobre caminhos, nossos corações e o amor.

Marco Angeli e Monica Comenale, agosto de 2009

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

TOP 100: CLASSIFICADO! by Marco Angeli


Acabo de receber a notícia da Elisa, que acompanhou
durante todo o dia a classificação do Top Blog.
Estamos entre os 100 classificados.
Isso tem um significado muito forte para nós, pelos milhares
de blogs que participaram, de todo o país, e
pela qualidade e nível de todos eles.
Uma emoção e um orgulho, que fazem esses 3 anos
de blog terem realmente valido a pena.


Retratos da Vida, classificado entre os 100, categoria Cultura

Por uma questão de justiça, e sagitarianos quase sempre
são justos (?), agradeço a todos que me ajudaram, que
participaram conosco, que estiveram aqui comigo.
Mas, especialmente, devo agradecer à Elisa Toneto por
estes 3 meses de batalha que quase me levaram
à loucura...hehehe. Ela foi pentelha, teimosa, briguenta,
persistente, chantageou todo mundo com um bolo de
chocolate que provávelmente não existe mas...
Valeu, Elisa, e vamos nessa, temos muita
briga pela frente.

Marco Angeli, agosto de 2009, sorrindo

ADRIANA PICCHETTI by Marco Angeli


Há três anos, quando, ajudado pela Tchuka Ferraz e
a jornalista Iara Bernardes comecei este blog
-o Retratos da Vida- eu tinha um foco preciso do que
queria e do conceito que imprimiria à ele.
Pintando, desenhando ou escrevendo, o que queria
era mostrar o ser humano e suas histórias, pelo qual sempre
fui fascinado e nem sempre conseguia retratar.
Um portrait da vida, das pessoas.
Durante esses três anos mantive esse foco, algumas
vezes mais, outras menos.
Em alguns momentos, confesso, me afastei dele e,
por pura indignação escrevi sobre política, coisa
que detesto fazer e procuro evitar.
Mas, de forma geral, fico satisfeito com o resultado.
Toda pintura, toda obra de arte ou retrato tem,
por trás do resultado final, uma história única.
Cada um desses trabalhos é único em si.
E a história dessa obra que agora coloco aqui,
que acabei de pintar, tem uma história mais intensa.
Porque faz parte de minha própria história.


Dri: níver/evento no dia 16 de agosto, moleca as always.

Adriana Pichetti e eu fomos casados, há muitos anos,
e nos separamos. Apesar de separados continuamos
sempre mantendo o que nos tinha unido em
primeiro lugar: a amizade incondicional.
Foi assim que conheci o Carluccio, marido atual de Adriana
-e apaixonado por ela- e nos tornamos amigos.


Cúmplices: Marco Angeli e Carluccio Barros

Mais do que amigos, no ultimo mês, que
precedeu o aniversário dela, nos tornamos conspiradores
e cúmplices na execução do presente para ela,
a pintura que coloco aqui.
Conspiradores...heheh...pois tinha que ser uma surpresa de fato.
Provávelmente há quem achará a situação extravagante.
Pode ser. Depende.


Adriana Picchetti, 2009
180 x 90 cm, carvão e acrílico sobre canvas.

Sensualidade e tattoos, a paixão do Carluccio.

Pessoalmente, sei que o mundo mudou. E ando com ele.
E raramente encontro pessoas como o Carluccio,
grande figura, um apaixonado convicto pela
mulher com quem convive há 12 anos já, e que assume
isso de uma forma muito bacana.
Foi um prazer grande estar lá e entregar o retrato
de Adriana à meia noite. Com certeza.


Dias depois, do Carluccio:

Marco:
"Quando te encomendei uma tela para homenagear minha mulher,
tinha certeza que o resultado seria excelente.
Foi um mês durante o qual, tanto eu, quanto você,
curtimos bastante o processo de materialização da minha idéia.
O fato de você ter sido casado com a Dri,
mesmo que muito tempo atrás,
traria um feeling que outro artista não teria.
Quando fui buscar a pintura na tua casa, meu coração disparou.
Você conseguiu traduzir toda a emoção da homenagem
em uma pintura que além de excepcional,
retratou a minha mulher da maneira como a vejo.
Linda, sexy, charmosa, intrigante.


Adriana Picchetti, detalhe

Superou a minha mais alta expectativa.
O fato de termos entregue juntos o quadro à meia noite do dia
do aniversário dela, diante de todas as pessoas que estavam
na festa e com a declaração de amor que eu fiz foi emocionante.
Você bem sabe do amor que tenho pela minha companheira
de longa data, doze anos a se completarem dezembro.
Essa foi uma homenagem
à altura do amor e paixão que
eu sinto por ela.


Adriana e Carluccio, meia noite e um de 16 de agosto.

A Dri realmente adorou a coisa toda.
Hoje a tela está em lugar de destaque, sobre a cabeceira de
nossa cama, onde podemos vê-la e admirá-la todos os dias.
Queria te agradecer pelo belíssimo trabalho
e dizer que estamos muito felizes com o resultado.
É isso aí, parceiro, muito obrigado."
Abração
Carluccio



Adriana e eu, a lot of years later, 16 de agosto


Um dos esboços que fiz durante essa...conspiração,
e que acabamos não aprovando.

Só me resta dizer que adorei contar essa história.
Pelo jeito, daqui a doze anos teremos outra,
com essa dupla fantástica.

Baci
Marco Angeli, agosto de 2009

terça-feira, 18 de agosto de 2009

O QUE VALE by Marco Angeli


Qualquer um sabe ou imagina o quanto é difícil a sobrevivência
de qualquer artista, músico, ator ou escritor
neste país. E é assim mesmo.
Por experiência própria sei e vivi momentos em que
nos perguntamos se, afinal, isso tudo vale a pena.
E continuamos ou não. Muitos desistem.
Mas existem também momentos como hoje, quando
abri o e-mail que coloco aqui, que fazem com que tudo
volte a ter sentido.
De todos os possíveis retornos que meu trabalho
possa me dar -e são muitos- o maior, mais importante
e sem dúvida o mais valioso é este:

De Anderson, arquitetura Megaron:
"Nas minhas poucas idas ao McDonald´s
sempre me chamaram a atenção
os quadros de São Paulo, sempre muito bem desenhados
e de extremo bom gosto.
Uma visão direfente de algo que, nós paulistanos, conhecemos
tão bem, mas retratados com uma beleza
que a cidade não nos mostra
com a correria do trânsito e tantos compromissos.
Desse interesse surgiu uma oportunidade de negócio
e virou uma amizade que vai além dos negócios...graças a Deus!!!
Sem dúvida o trabalho realizado na Panalpina
e o recém entregue na Penske valorizaram ainda mais
todo o trabalho de arquitetura e trouxe
ao mundo frio dos negócios um toque de humanidade.
O trabalho que mais gosto ainda é outro.


Dr. Gentil Gonçalves, arquiteto, 2005.
Responsável por diversas obras em Candido Mota,
Assis e no Paraná.

Essa amizade foi selada com um presente. Um quadro com a imagem
de meu avó também arquiteto e já falecido.
A expressão de meu avó era tamanha e sua presença
ficou tão marcante que a foto que serviu
de referência ficou esquecida na casa de minha avó.
Esse quadro foi colocado na casa de minha avó para
lhe fazer companhia e por lá ficou até 3 meses atrás.
Minha vó dizia:"O seu avó está aí." e abria um sorriso.
Como meu avô veio buscá-la, o presente volta as minhas mãos,
mas agora a expressão de meu avó parece ainda mais feliz.
A felicidade de estar com alguém que conviveu por longos
53 anos
e agora podem ficar juntos para sempre.

Marco, obrigado pela amizade
e que Deus preserve seu corpo, mente e as suas
mãos sempre firmes."

Do amigo: Arq. Anderson - Mégaron Arquitetura


Eu, que falo tanto, perco as palavras nesse momento,
relendo o que meu amigo escreveu, ele que tantas vezes me escutou
reclamar, e com enorme paciência me aconselhou, com
a calma e a fé que possui. E que me faltam, às vezes.
Perco as palavras mas não perco a fé, reforçada agora.
Eu não poderia deixar de colocar este e-mail aqui.
Obrigado, amigão, e que Deus permaneça, como
sempre esteve, ao seu lado.

Marco Angeli, agosto de 2009

domingo, 16 de agosto de 2009

15 DE AGOSTO E A ESTÁTUA by Marco Angeli


Sábado, 15 de agosto.
A poucos metros de onde se realizavava, em São Paulo, a manifestação
pública pela retirada de José Sarney da presidência do Senado,
a estátua, muda e num imobilismo absoluto, esperava.



O perfil de José Sarney, escrito de forma
brilhante por Nelson Motta:

Um livro aberto
"A vida de José Sarney é um livro aberto,
que poderia dar um ótimo romance nas mãos
de um escritor competente.
A fabulosa trajetória de Ribamar, o cordial, que nasceu
nos cafundós do Brasil, tinha pretensões literárias,
e entra para a política, fica rico e poderoso apoiando a
ditadura militar e, por um golpe de sorte quase inverossímil,
se torna presidente da República
e membro da Academia Brasileira de Letras.


Masp, 15 de agosto, fora Sarney

Mas a história termina mal, quando o patriarca,
tentando salvar o filho das garras da Polícia Federal,
volta pela terceira vez à presidência do Senado
e se desmoraliza como pivô de uma crise sangrenta
e devastadora, quando o seu caráter e seus malfeitos
são revelados e o tornam símbolo do político
patrimonialista e atrasado que o País não aceita mais.




São Paulo, no Masp, sábado se sol

Um político que serve à ditadura militar durante 20 anos,
que preside o partido que a apoiou no Congresso,
que finge ignorar as prisões, torturas e assassinatos
cometidos pelo governo que sustentava por livre vontade
e puro oportunismo, e mesmo assim se diz um paladino
da democracia e se orgulha de sua biografia.
E tenta reescrever a sua história apostando na retórica e
na desmemória do povo, e na sua habilidade e falta de escrúpulos
para construir alianças políticas.
E quase chega a convencer, com sua imagem de
vovozinho amoroso e de homem educado, cordial e tolerante.
Parece García Márquez.
Bem escrita, poderia ser uma ótima história.
Como ficção, não biografia.




Caras pintadas em São Paulo

Ribamar, o personagem, não mente, faz ficção na política,
na administração e nas suas relações com o patrimônio público.
E as suas ficções são inverossímeis e sentimentais,
cheias de chavões e pieguices,
sua biografia imaginária não convence nem diverte
e nem emociona, como um livro ruim.
Vida e obra se misturam e se completam.




No Masp e na Paulista, 15 de agosto, contra a
permanência de Sarney na presidência do Senado.

Convocados pela net, manifestantes em São Paulo, Rio de Janeiro,
Belo Horizonte, Brasília, fortaleza, Florianópolis, Curitiba,
Goiânia, Belém, Vitória, Salvador, Recife e Porto Alegre
se uniram para dar um basta em Sarney.

Em seus delírios ficcionais, ele ainda imagina um happy end.
Mas nenhum editor aceitaria um final assim,
porque o leitor não acreditaria, ninguém publicaria.
Só a gráfica do Senado.
Mesmo assim ele vai à luta, em defesa do clã, e tem um
final melancólico, abandonado pelos aliados
que considerava mais fiéis: Lula, Collor e Renan."

Nelson Motta



Fui até a Paulista e fiz as fotos que estão aí.
À noite, conversando com um amigo, micro empresário, eu comentava
que a manifestação poderia ser muito maior,
como acontecia em outros tempos, quando ele me respondeu,
rápido no gatilho:
-Mas o que você esperava? Ninguém perderia uma tarde de sol
dessas com José Sarney. Porque ele é só mais um e todo mundo
sabe que assim que ele sair entra outro da mesma laia, corrupto
como ele. Não existem mais partidos, nem ideologia...
Pensei. E me lembrei da foto da estátua, que havia feito à tarde
desse mesmo sábado.



Muda em seu imobilismo. Esperando.
Mas esperando o que?
Em breve, mais dia menos dia, Sarney cairá e finalmente
descerá o elevador vermelho da política que o levará ao
andar de baixo, o porão, onde reinam faceiras figuras
carimbadas como o astuto e matuto José Dirceu e de onde vimos
ressurgir o desvairado Fernando Collor.
José Dirceu, inclusive, tem poder suficiente, lá do andar de baixo
mesmo, para articular, como articulou, a formação da tal
Tropa de Choque para manter o amigo Sarney.
É uma alternância de poder, onde sempre os mesmos
estão presentes, com um cuidado absoluto para
que ninguém novo entre.
O cheiro de mofo desse grupo, que está por aí desde os tempos em
que meu pai lia o jornal irado com suas peripécias,
agora se torna insuportável.


São Paulo, 15 de agosto

E está evidente nas palavras descrentes do meu amigo,
que na verdade estão na boca de todo cidadão deste país.
José Sarney é apenas o símbolo dessa decadência política
e moral, com seu apego ao poder.
A verdade é que é preciso renovação, novas lideranças.
Um vento novo, que varra a imundície incrustada há
décadas nas paredes do Senado e na vida pública do país.

Esse vento virá talvez (e a esperança é a última que morre)
do Amazonas, com o nome de Marina Silva.
É um sopro ainda, mas cabe à cada um de nós
fazer dele uma ventania capaz de afastar definitivamente
da vida do país nomes como José Dirceu, José Sarney,
Renan Calheiros, Fernando Collor de Mello e as centenas
de comparsas que engraxam a máquina que criaram.


Marco Angeli, 16 de agosto de 2009, 17 anos depois

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

SÃO PAULO, CASO DE AMOR by Marco Angeli


Sou um apaixonado crônico pela cidade de São Paulo.
E assim, eu a pinto.
Ouço os saudosistas falando daquela cidade de 1940, 1950, que
vêem em minhas telas e sentem saudades do tempo em
que ela era bela, melhor que agora, mas meu coração continua
a insistir, teimosamente, em gostar de suas madrugadas
agitadas, de seus domingos à tarde, garoentos, no Masp...
Pintei há pouco esta tela para o escritório de
Toledo Cesar, Marques Rosado & Carmona Advogados,
complementando uma série de mais de dez pinturas que
retratam os locais jurídicos da cidade.
A pintura mostra o Viaducto(!) do Chá em 1923.


A pintura em sua sala, no escritório da Toledo Cesar,
esquina da Av.Faria Lima com a Av. Rebouças, em São Paulo.


No vigésimo andar, sala principal de reunião da Toledo Cesar.


Priscilla Magalhães, da Toledo Cesar, sempre gentil,
doce e atenciosa. Um prazer ser recebido por ela.



One more take


Detalhe curioso: por impossibilidade de outro
caminho, a pintura subiu 20 andares, até o último,
numa destas madrugadas, pela escada de incêndio.
Uma façanha. Eu sei, estava lá.


Mais curioso: enquanto eu fotografava, no edifício
ao lado...o sol e a menina.

Vamos nessa, a cidade não para, as always.

Marco Angeli, agosto de 2009

terça-feira, 11 de agosto de 2009

CARAS PINTADAS by Marco Angeli


Assombrados vemos ressurgir das cinzas dos porões
mais fundos da corrupção brasileira Fernando Collor,
com seu estilo inconfundível.
Um estilo aparentemente genético, já que seu pai,
o senador Arnon de Mello, sacou uma arma em pleno
Senado Federal, em 4 de dezembro de 1963, e mandou
bala em seu inimigo político, Silvestre Péricles.
Péricles, rápido como um raio, também sacou uma arma
e iniciou-se um tiroteio no Senado, contado por
Luiz Antonio Simas em seu blog.


O Globo, dezembro de 1963

Ruim de mira, Arnon acabou assassinando um suplente com
um tiro no peito, diante da esposa e as filhas.
Gozando de imunidade paralmentar, jamais respondeu
pelo crime e sequer se deu ao trabalho de ajudar a viúva e
filhas do suplente assassinado, que óbviamente passaram
por dificuldades nos anos seguintes.
Não foi á toa, portanto, que Pedro Simon se declarou
assustado com a carranca de Fernando Collor num bate boca
há pouco no Senado, enriquecido pelas pérolas
de nível duvidoso de Collor, que, secundado por Renan Calheiros,
se transformam na marca registrada
da tal Tropa de Choque.


Collor, back to the old times, apavorando no Senado

Pedro Simon se lembrou de Arnon, claro.
No centro da crise que abala o Senado, causada pela
resistência tenaz de José Sarney em não sair do cargo que
ocupa como presidente apesar das dezenas de acusações que
pesam sobre ele, Fernando Collor repentinamente se une
à Renan Calheiros e forma a chamada Tropa de Choque, para
defender o colega e seus próprios interesses, óbviamente.
Em manobras descaradamente autoritaristas, típicas
e exaustivamente vistas no período em que Collor era
presidente, todas as acusações contra Sarney foram
arquivadas sumáriamente pelo suplente de suplente
Paulo Duque, alegremente alavancado pelo grupo
à condição de presidente do Conselho de Ética,

entidade cujo nome carece, nesse momento, de
qualquer significado.
Tenho ouvido por estes dias que o senador Pedro Simon
-uma eterna pedra no sapato do fisiológico PMDB- e
alguns analistas políticos consideram, acertadamente, que Sarney
só deixará o cargo se pressionado pela opinião pública.
Irônicamente é a própria figura de Fernando Collor que
traz à baila -mais do que qualquer outra -a evidência
da força incontestável da mobilização pública e seu poder.
Em setembro de 1992, Collor foi retirado do poder na marra,
através do impeachment, graças à força do povo nas ruas.


Revista Veja, agosto de 1992, o povo nas ruas

Importante e bem significativa é a lembrança de que, na época,
um dos que pediam mais veementemente sua cabeça
era José Sarney.
Em 16 de agosto de 1992 surgiram os caras pintadas na
história do Brasil, um contraponto alegre e colorido às
multidões vestidas de preto que saíam às ruas pedindo o
impeachment. As caras pintadas foram o repúdio dos
estudantes ao pedido de Collor para que o povo colocasse
bandeiras nas casas para apoiá-lo.




Estudantes caras pintadas, na Veja de setembro de 1992

Collor caiu finalmente, e perdeu os direitos políticos
por -infelizmente- apenas oito anos.
O exemplo histórico de 1992 vale para hoje claramente,
como acredita Pedro Simon.


Capa histórica de Veja, 30 de setembro de 1992

Empresários, funcionários de estatais e empresas privadas
e todo trabalhador brasileiro sabe que a
manutenção do trio Renan/Collor/Sarney na vida política
é um retrocesso profundo, social e econômico para o país,
um retorno fatal ao coronelismo e às oligarquias.
Sabe também, e isso ficou mais do que evidente com as
denúncias feitas pelo jornal Estado se São Paulo, que
à esse trio notório não interessam crescimento, progresso,
ou qualquer avanço da nação, apenas o benefício
e o poder que possam conseguir para si próprios e seus
apadrinhados, como Paulo Duque, necessários para que seu
esquema continue funcionando.
Mas a imprensa e a opinião pública pode acabar com isso.
E deve.


Tenho sugerido,inspirado nos caras pintadas de 1992,
quando ainda não tínhamos a net, que todos pintem suas
fotos de perfis no Facebook, no Orkut, no MSN...com
as faixinhas verde amarelas...demonstrando nossa
indignação perante o autoritarismo, que levou
inclusive à censura do jornal
Estado de São Paulo.


Pedro Simon, cara pintada

Se inundarmos a net com carinhas pintadas, as imagens por
si só serão fortes o suficiente para lembrar a lição
histórica que dois deles, Renan e Calheiros, já tiveram.
E dar essa mesma lição no terceiro, José Sarney.



Minha namorada, discreta e avessa à exposições
desnecessárias, graças talvez à família e formação
militares, questionou minha posição em relação à tudo isso,
já que eu poderia simplesmente pintar e e ignorar.
Na minha resposta à ela está a resposta que define
minha motivação.


Em 26 de agosto, na Veja, o depoimento muito bacana de
Elaine Barreto Santos, de 15 anos, estudante do Rio de Janeiro
que foi às ruas pedir o impeachment de Collor.
"Eu prezo muito minha liberdade. Liberdade para
protestar contra uma quadrilha que está no poder roubando
dinheiro, enquanto, nas ruas das cidades brasileiras,
meninos roubam para poder comer."
Clique, amplie e leia, vale a pena realmente.


Há trinta anos ou um pouco mais tenho meu studio e
trabalho com arte. Está aí para quem quiser ver.
No entanto hoje minha posição não é definida por esses
trinta anos passados.
É definida pelos trinta anos que virão.
Que serão os anos em que meu filho viverá, trabalhará,
constituirá uma família, como todos nós.


Victor Angeli, meu filho: e o futuro?

Por esses anos futuros estarei no dia 15 no Masp,
fotografando e registrando mais essa data histórica.
Com a cara pintada.

Links relacionados:

Movimento Fora Sarney
Campanha Rir para não Chorar
Internautas organizam protesto
Já vai, José?
Nariz de palhaço
Tenho vergonha dos políticos corruptos

Marco Angeli, agosto de 2009

domingo, 9 de agosto de 2009

DIA DOS PAIS by Marco Angeli


Ninguém comemora o Dia dos Pais com mais emoção
do que um pai recém-inaugurado, que é o caso de
Adriano Melo, amigo de longa data e de várias histórias.
Por encomenda de Bruna Tangari, parceira do Drico na
histórinha do Bento, menininho esperto e curioso
de apenas 8 meses, pintei os dois para esse dia especial.
Como a Bruna participou ativamente, com muitos e
muitos palpites -hehe- na realidade ela está na pintura também.


Adriano Melo, o Drico, e Bento, 2009
50 x 40 cm, carvão e acrílico sobre canvas.



Drico e a pintura, dia dos Pais

Como todo pintor coruja, acabo de pintar meu brother,
a Ruth e o Heitor, um presente mezzo aniversário
e mezzo dia dos pais, como diria o Adoniran.


Ruth Vasconcellos, littlle Heitor e Milton Angeli, 2009
90 x 70 cm, carvão e acrílico sobre canvas.

Lembro hoje, como sempre, de meu pai, que
me ensinou esse amor pelas tintas e pelo desenho.
E que, por mais que tentasse esconder de mim os livros
dele que achava que eu não deveria ler, nunca conseguia.
Foi assim que aos doze anos li todos os volumes de
Memórias de Casanova...hehe..uma façanha inesquecível,
sob muitos aspectos.


De Mário Angeli, meu pai, um auto retrato em
lápis, sem data, provávelmente de 1949.


Marco Angeli, agosto de 2009