segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A CASA DA CHRIS by Marco Angeli

Não costumo normalmente falar aqui sobre
blogs, mas esse caso é realmente especial.
O blog da Chris Campos, jornalista, é muito bacana
e tem um visual meio vintage...delicioso.
Mas acabei conhecendo o blog graças à uma polêmica gerada
justamente por uma de suas postagens, Cartilha do Amor, onde ela
recomenda e comenta o filme 500 Days of Summer.
O filme -que ainda não vi mas preciso- trata dos desníveis
de todo relacionamento, e esse foi o tema de uma
longa conversa entre a Silvana Spinelli, direto do seu escritório
e de seus processos, a Vera Lo Re, direto da Itália,
e eu por aqui, desenhando.


O blog da Chris, muito bacana

Quando se trata de intensidade do amor, em todos os
relacionamentos existem os que estão acima e os que
estão abaixo do parceiro neste level.
A média e o equilíbrio parecem ser quase impossíveis
exceto, consenso do trio, nos inícios de relacionamento.
Quando existe a paixão. Depois...bom, depois é o
depois, todos sabemos como é...
Sobre o filme, da Chris:
'É um soco no fígado de quem insiste em não enxergar o óbvio
 e se recusa a acreditar na sinceridade alheia.
 Duas pessoas podem sim estar felizinhas da vida juntas
 sem necessariamente estarem igualmente apaixonadas.
Ponto.'  
Discutir e viver o amor é sempre complicado.
Mas me parece óbvio que para os que estão abaixo em
intensidade é sempre mais confortável. Não sei.
A Silvana, por exemplo, acha desconfortável:
'Acho que abaixo é pior.
 Sabe pq ? pq vc se sente devedor da coisa toda...
o cara fazendo mundos e fundos e vc, nada...'
A Vera concorda comigo:
 'Mas.... eu acho acima... o tombo è sempre maior....

claro que qualquer um dos dois sempre tem as suas feridas ,
 mas... tbm temos um amigo:o tempo!!!!... E...tudo passa...
bacio per tutti i due;-)
No final, a recomendação da Silvana:
'Vai pro blog, menino...lembra da "cadeira do pensamento"
 onde a mãe punha a gente de castigo?
 O blog é a "cadeira da reflexão", onde escrever é uma catarse
 e ler nos faz refletir sobre a vida e suas vicissitudes...:))'

Enfim, tudo isso por causa da postagem da Chris e sobre
o filme que ainda não vi.
Mas valeu, com certeza.
Vou ver o filme e o blog é amazing!!!!!

Baci e ciao per tutti.
Marco Angeli, novembro de 2009

CHRISTMAS GIFTS II by Marco Angeli

A arquitetura e a paisagem urbana sempre foram e
serão um de meus temas preferidos.
Passamos pelas cidades e elas passam por nós.
Algumas permanecem sempre, em nossas memórias.
Uma obra de arte é esse registro, a marca de uma época,
de um momento em que a arquitetura, o concreto e
essas ruas fizeram parte de nossas vidas.
E nós fizemos parte da vida na cidade.


São Paulo, Teatro Municipal, 2008

Escrevo aqui para lembrar a todos que adoro pintar
os portraits e as cidades sob encomenda.
E esta é a época perfeita para que pessoas especiais
recebam ou presenteiem outras pessoas especiais.

Contato do studio: studio@marcoangeli.com.br

abraços a todos
Marco Angeli, novembro de 2009

CHRISTMAS GIFTS by Marco Angeli

Uma obra de arte, como disse meu amigo Otávio, é
sempre um presente inesquecível e permanente.
Num debate recente entre algumas pessoas no Facebook,
chegamos à conclusão de que tudo passa -quando falávamos
sobre vida e relacionamentos.
Entretanto as obras de arte permanecem sempre, como
um registro de uma época, das pessoas, das cidades...
E da emoção contida nelas...


Mario e Ilva Princi Angeli, c. de 1953. Good times.

Escrevo aqui para lembrar a todos que adoro pintar
os portraits e as cidades sob encomenda.
E esta é a época perfeita para que pessoas especiais
recebam ou presenteiem outras pessoas especiais.

Contato do studio: studio@marcoangeli.com.br

abraços a todos
Marco Angeli, novembro de 2009

domingo, 1 de novembro de 2009

VÔO 3054, REMEMBER?

Estou escrevendo novamente sobre o voo 3054,
como fiz há dois anos.
Estou escrevendo para ser chato mesmo, indo contra a cansada e
velha teoria de que nós brasileiros somos desmemoriados.
Tarefa inútil, sei bem disso.
Estou escrevendo talvez porque são irritantes aquelas frases feitas,
extremamente convenientes na boca de muita gente, tipo
'Bom, já aconteceu mesmo'...ou 'Ainda bem que não foi comigo...'
Pode ser...mas se não tirarmos as devidas lições do que aconteceu e
simplesmente não olharmos para trás, acontecerá novamente.


Saguão do aeroporto, dia da tragédia

E poderá ser com um dos que dizem o
'ainda bem que não foi comigo'.
O que -simplificando- é simplesmente uma atitude burra.
Apostando e acertando na mosca nessa atitude e reação de todos
nós, as autoridades competentes para apurar as responsabilidades
sobre a tragédia que causou a morte de 200 pessoas
levaram dois longos anos,
enrolando o máximo que puderam para chegar á uma conclusão
previsível, em se tratando de fazer o possível e o impossível para
acobertar erros da empresa e autoridades envolvidas no caso, desde
 a manutenção das aeronaves quanto
do próprio aeroporto e sua pista.



Apostando no esquecimento, a Aeronáutica divulga seu relatório
final sobreo caso, com a singela conclusão de que não
existem responsáveis.
E insinua que talvez...os responsáveis sejam os pilotos.
E que se alguém tem que apontar culpados, que seja a polícia,
jogando a tal batata quente em outras mãos.
A PF, por sua vez, corrobora e enfatiza o relatório da CENIPA e
atribui taxativamente aos pilotos,
óbviamente mortos e sem condições de
se defender, a responsabilidade pelo desastre, o que gera indignação
de pilotos e associações por todo o país.



Veja o relatório da Aeronáutica, divulgado 
oficialmente há alguns dias 

Isso tudo, é claro, para quem se deu ao trabalho de acompanhar, foi
publicado há dias pela imprensa,
em letras provávelmente pequenas demais.
Afinal, já nem é mais uma notícia, apenas um relatório previsível,
e a quem interessam os relatórios previsíveis? A ninguém, supõem
acertadamente os peritos da mídia. Infelizmente.
No entanto, com certeza duzentas famílias sofrem.


A reação das famílias das vítimas ao relatório, 
através de seu representante.

Para essas famílias,
um relatório justo seria um paliativo para a perda
de pessoas que amavam, e a certeza de que sua morte, afinal,
não foi totalmente em vão. Mas não é assim.
Quem se lembra ou ouve sequer falar de indivíduos que tiveram
uma participação lamentável no episódio,
como Marco Aurélio Garcia com o gesto famoso e infame
diante de uma tragédia dessas proporções?
Ou do homem da Infraero, João Brás Pereira?
Provávelmente ninguém,
nem mesmo os que os contratam e acobertam.
E sou capaz de apostar que devem estar por aí, nos mesmos
cargos, serelepes como nunca. Dejá vu.
Números. Estatísticas. Pessoas viram números e estatísticas
apenas, dentro de uma planilha qualquer, e se concluí imbecilmente
que, pela média, nunca foi tão seguro voar.



Morre-se mais no trânsito, por fumar, ou outra coisa qualquer, e
estabelece-se que, afinal, 200 é um número pequeno demais.
E pronto. A mídia colabora, e o caso está prontinho para
ser arquivado, mais uma fatalidade apenas entre outras.
No entanto, para os que perderam alguém querido nessa tragédia,
200 é um número enorme.


Alguns dos passageiros do vôo 3054. Fatalidade?

E tem uma importância crucial, principalmente na apuração
real dos fatos. Se foi ou não uma fatalidade.
E se poderia ou não ter sido evitada.
Isso, ao que parece, esteve longe de acontecer, já que em todos
os relatórios, depois de dois longos anos, nem sequer mencionam
o estado da pista, causador de polêmica na época, ou as
condições especificas de vôo da aeronave, responsabilidade da TAM.
Mais algum tempo e a tragédia estará devidamente esquecida,
substituída no noticiário por outras que virão e passarão.
E seremos chamados de desmemoriados.
Com razão, é claro.


Manifestação em São Paulo pelas vítimas.
As fotos e imagens são do site G1.

Se houve ou não descaso, incompetência, isso também passará.
Impune.
Mas, cruelmente, a dor dessas famílias não passará.
E isso está muito longe de ser apenas uma estatística.

Sou artista plástico.
Eventualmente algumas pessoas, racionalmente demais,
me sugerem escrever apenas amenidades relacionadas
ao meu trabalho, acham que o que acontece no mundo...
bom...'lamento, mas não é comigo.'
Essa é mais uma das frases de minha coleção de
afirmações irritantes, talvez a pior.
Leio no livro de Stieg Larsson, A Rainha do Castelode Ar, 
o último da genial trilogia, que a democracia
sueca está baseada e sustentada por uma única lei,
yttrandefrihetsgrundlagen, cuja sigla é YGL, a lei
fundamental sobre liberdade de expressão. A YGL estabelece
o direito imprescritível de dizer, ter como opinião, pensar 
e acreditar em qualquer coisa à todo cidadão.
Não estamos na Suécia, dirão.
Infelizmente, respondo.


Marco Angeli, novembro de 2009