quinta-feira, 26 de abril de 2007

GRACI HASTENREITER by Marco Angeli


Talvez este texto seja o mais difícil que já coloquei aqui.
Como este retrato foi...
Dizem os índios, em algumas tribos, que
a fotografia rouba suas almas, e por isso não se deixam
fotografar nunca...
Levei dois anos para pintar este retrato...
Porque sou ambicioso...
Ou talvez porque acredite nos índios, na minha mão,
e que eu pudesse captar a alma dessa menina...
Que foi minha amiga, minha companheira, e mais do
que isso, lutou dia a dia comigo, forte, quando
lutar o dia a dia era muito, muito penoso, quando
teve a coragem de acreditar comigo no meu
sonho, e desistir do dela.
Foi a época em que minha vida mudou,
e ela mudou comigo. Sonhos.
Vi sua força imediatamente, ainda menina...força
que ela ainda não via...mas sonhava...
E ela cresceu...e devagar foi se transformando em
uma mulher, Graci Hastenreiter.
Por isso levei dois anos para pintar este retrato.
Porque quis expressar a essência de sua alma...
Não sei, finalmente, se consegui...
Mas sei que aquela força, aquela capacidade de
lutar imensa, que vi assim que a conheci,
estão nesse retrato...
E também seu coração, talvez...
Hoje, quando nossos próprios sonhos acabaram
nos separando, esse retrato ainda permanece,
 como uma testemunha...
Que é, simplesmente, a função única de toda
a arte; permanecer como um registro.

Hoje, vejo que essa menina se transformou,
por força própria, em tudo aquilo
que eu previ há anos. E mais.
Tenho orgulho disso, claro.
E espero que um dia ela me perdoe por ter
demorado tanto pra pintar seu retrato.
Ou pra colocar este post.
E entenda porque.

Marco Angeli, quase maio de 2007

domingo, 22 de abril de 2007

CHO SEUNG-HUI E O AMERICAN WAY OF LIFE



Difícil ficar impassível diante de certas coisas.
A matéria que estou postando aqui, publicada no jornal
O Estado de São Paulo é uma delas.
Ela mostra a humilhação a que era submetido, todos os dias,
o garoto sul coreano que acabou assassinando 30 pessoas.
Tenho amigos em quase todas as partes do mundo, e o
que escuto deles, sempre, são histórias de racismo,
intolerância, segregação...
Não se trata, óbviamente, de obter uma justificativa para
o que aconteceu mas de procurar entender um sistema
social que permite o racismo justamente dentro de suas
universidades, onde isso jamais deveria ocorrer...numa
universidade, pelo menos em teoria, as cabeças
das pessoas deveriam ser mais abertas,
mais tolerantes com outros povos, outras culturas...


A matéria publicada no Estadão, dia 20 

Ou de entender porque uma sociedade que vende em
supermercados armas como uma Glock 9mm, com
pente com capacidade de 33 balas, para
garotos de 22 anos, acaba ficando tão chocada
com o resultado de seu próprio esquema social.
Não é necessário ser um gênio ou PHD em coisa alguma
pra chegar á conclusão clara que Cho Seung-hui foi o
elo fraco desse sistema.
Um elo que se rompeu trágicamente na manhã do dia 18.
Qualquer brasileiro com um pouco de bom senso
consegue ver isso claramente...
Por isso continuo adorando este país...

Marco Angeli, abril de 2007 

sexta-feira, 6 de abril de 2007

O RETRATO DE REJANE Marco Angeli



Foi uma espécie de promessa, logo que a gente se conheceu.
Algumas eu cumpro, outras não...afinal, people change...
Mas, Rejane é Rejane...e como ela mesma se
auto define, manhosa...
Ela mora há 3 anos em Genebra, e provávelmente estará de
volta ao Brasil em breve...
Eu poderia escrever muito sobre o que ela tem
me contado, das dificuldades que
enfrentou e enfrenta ainda para viver na Suíça, mas...prefiro que
ela mesma, como combinamos, conte sua história aqui.
Uma história que pode ser bem ilustrativa da segregação e
preconceitos que brasileiros encaram todos os dias fora daqui
e que pode talvez explicar porque um grupo de
brasileiros escolheu a Suíça, um país, digamos...inusitado
como escolha, para viver, estudar e trabalhar.
Brasileiros normalmente preferem países mais latinos,
como Espanha, Itália, Portugal...
Mas, como eu disse, espero a história contada por ela mesma.
E pode começar por aqui mesmo, junto com o retrato que fiz dela...

Marco Angeli, abril de 2007, Páscoa



quarta-feira, 4 de abril de 2007

AS MÃOS DE GRACIETE Marco Angeli

Em dezembro de 2005 eu participava de um grupo de artistas
plásticos patrocinados pelo grupo Blue Life.
Era o ArtLife Brasil.
Nosso primeiro trabalho foi uma doação para o Instituto
Dante Pazzanese, em São Paulo, e era um painel
com as obras dos 20 e poucos artistas participantes do
grupo. O conceito dessas obras, comum á todos os
trabalhos, era o da doação de orgãos.
A idéia para este trabalho me veio rápidamente, e usei
as mãos de Graci Hastenreiter como base para minha
pintura, já que eram uma das coisas que sempre
achei mais bonitas em minha então namorada e
companheira...mãos lindas, que poderiam
dizer o que eu precisava, como imagem...



Uma das fotos que fiz, como base para a pintura.
As mãos de Graciete, que estiveram entre as
minhas por quatro anos...e que estarão por muito
tempo no mural do Dante Pazzanese... 


Matéria publicada no Estadão, na época


O logo do ArtLife, gostei de criar...
Atualmente não pertenço mais ao grupo mas este
trabalho foi um prazer, especialmente....

Marco Angeli, abril de 2007, quase Páscoa