domingo, 11 de fevereiro de 2007

TANIA TANAKA Marco Angeli

Por um triz nossa história não acaba antes de começar.
Em 92, numa tarde de domingo, lá estava eu em Pinheiros, numa festinha cheia de gente que
eu jamais havia visto em toda a minha vida.
A razão era simples: se chamava Tania, que eu havia conhecido na noite anterior.
Ela me esnobou a tarde inteira até que eu, finalmente irritado, me levantei e fui saindo.
Só cheguei até o portão. Uma das amigas dela, a melhor amiga, Ma, me pediu que voltasse e se
desculpou por ela...ela era assim mesmo, tinha uma personalidade assim, assim...forte.
Voltei.

Casamos, nos separamos 3 anos depois. Tivemos filhos em outros casamentos. Muito aconteceu nestes anos todos...
Ela foi morar no Japão, dois longos anos, eu saí do Brasil, nossas vidas foram mudando mas o
que construímos juntos, o respeito e a amizade que sempre nos uniu permaneceu sempre.
Sempre fomos muito parecidos, solitários, lutadores, e nossas vidas, por uma estranha coincidência, funcionam em ciclos muito parecidos.
Quase todas as pessoas acabam passando apenas pelas nossas vidas, e se vão...mas...
Hoje estamos aqui, eu e ela, como sempre, e esses retratos estão aqui.

Porque existe um pacto não explícito entre nós...
De sermos amigos eternamente. E pra dizer a verdade...
Tenho muita, muita sorte mesmo.

TT e Eriane Ferraz, minha assistente, que produziu estas fotos.

Marco Angeli, fevereiro de 2007

OBJETOS Marco Angeli

Design, utilidade, status...os objetos que nos pertencem
também nos definem...
Vão entrando em nossas vidas, devagar, alguns desaparecem,
alguns são odiados, mas existem

os que permanecem, vão ficando, e acabam fazendo parte de
nossas personalidades,
na verdade o nosso elo
com o resto do mundo...

Roupas, isqueiros, livros, canetas...
Não é o valor do objeto, necessáriamente, que define o estilo
de cada um e sim...
ter ou não estilo, simplesmente...
Para isso existem as revistas de moda,
para quem não tem e precisa saber qual é...

Enfim, alguns dos meus objetos, todos de estimação, of course...


Branca, e um dos logos mais bem desenhados do mundo


Montblanc Meisterstuck n 142, black ink


Nikon CoolPix, companheira inseparável

Desde Os Nus e os Mortos, li todos de Norman Mailer


Uso pra desenhar, desde sempre


Perfume


Chinês, velho amigo


Red Shoes, for a special date


Som, imagem...


Zap número 1, publicada na raça pelo gênio de Robert Crumb, EUA


Old Zippo, a única forma decente de se acender um cigarro


Anel, hand made for me


Black and fake...hehehehehe


Botas, couro de búfalo, todo mundo me vê por aí com elas.


Meu pai fotografava com uma destas, nos anos 50


Paixão, forever.

Vou colocar mais alguns, depois, esqueci de muita coisa com certeza...

Marco Angeli, fevereiro de 2007


quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

MARQUES ROSADO, TOLEDO CESAR & CARMONA ADVOGADOS Marco Angeli

No final do ano passado, em outubro, pintei uma série de dez telas para o escritório de
advocacia do Dr. Carmona, todas elas com o tema de São Paulo.
Existem, na cidade, ícones muito fortes dentro deste conceito de Direito, como o Largo de São Francisco e o Palácio da Justiça - belíssimo - entre outros.
Desenhei os layouts para todas as telas e o material foi aprovado em conjunto, através do
Dr. Luiz Fernando Afonso. Este trabalho, especialmente, correu de um
a forma muito boa, sem qualquer tipo de stress, o que seria natural neste caso, já que tínhamos telas para as salas de reunião com largura de 4 mts, por exempo, e estas seriam as únicas pinturas nos dois andares do escritório, na esquina da Av. Faria Lima com a Rebouças, em São Paulo.
Enfim, poucos esboços não forma aprovados, e gostei do resultado final integralmente, coisa rara de acontecer num trabalho com esta quantidade de imagens.
Alguns dos lay outs:O ESCRITÓRIO
Em outubro o escritório sofreu uma reforma geral, e foi anexado ao décimo nono mais um dos andares do edifício, o vigésimo. Foi justamente em função desta mudança que foi procurado um novo visual para o conjunto, e aí entraram minhas pinturas.
Todas são grandes, com mais de 1,20 mts, e compõem um resultado uniforme em função da escolha do tema.
A Avenida Rebouças vista do vigésimo andar:


O RESULTADO FINAL
Finalmente, em novembro, o novo escritório foi apresentado num evento que reuniu os grandes advogados da cidade, clientes e amigos. Este trabalho, especialmente, é para mim muito gratificante pela forma como transcorreu, pela gentileza de todo o pessoal envolvido nele e, claro, pelo seu resultado final:

Sala do Dr. Carmona, primeiro layout aprovado



Como se nota, o que contribui grandemente para a beleza do resultado final é o bom gosto da decoração e do mobiliário de todo o ambiente. Ao contrário da maior parte dos escritórios de advocacia este é clean, com cores claras, os móveis com um design moderno, simples...


Enfim, apenas para registro, houve um susto no final deste trabalho.
Nenhum de nós considerou sériamente, até a data de entrega das telas, em como faríamos para levar as pinturas para o vigésimo andar. Isso foi passando simplesmente, aquelas coisas que de tão óbvias acabam não sendo encaradas como prioridade...
Eu toquei no assunto um dia antes com o Dr. Luiz, já que tínhamos telas com 4 mts de largura e 1.30 de altura, e isso não caberia em elevador algum, teria que subir pelas escadas de serviço se elas fossem suficientemente largas pra isso...e se não fossem...
Ele me tranquilizou, me pediu pra não me preocupar com isso, daríamos um jeito...
No dia da entrega eu havia trabalhado direto por umas trinta horas seguidas, estava exausto,
e mandei o caminhão com as pinturas para a Faria Lima.
Fiquei no studio e a transportadora me confirmou a entrega, impecável como sempre.
Mas...as telas haviam sido deixadas no saguão do edifício, já que não havia a menor possibilidade de subir com elas para o vigésimo andar...a escada de serviço era estreita demais...
Eram umas 2 da tarde, desliguei o telefone estressado, já pensando em contratar um guindaste desses pra subir móves, sei lá...
Duas horas depois eu estava pensando ainda, mais estressado - claro - quando atendi o telefonema da secretária do Dr. Luiz...me preparei para o pior e, surpreso, ouço dela que todos os advogados acharam as telas maravilhosas, etc e tal, e se eu poderia passar por lá na manhã seguinte para orientar o pessoal da instalação...e ela não tocava no assunto de como, raios, as pinturas já estavam dentro do escritório...
Quando finalmente perguntei, ela riu e me disse que realmente não haviam subido pelas escadas ou pelo elevador, e muito menos por um guindaste externo, que seria também uma solução pensada por eles...
O que aconteceu foi muito simples...os estagiários do escritório haviam subido os vinte andares carregando uma a uma, todas as pinturas...pela escada externa de incêndio do prédio...e só de pensar nisso tenho arrepios, não pelas telas, mas pelos estagiários carregando aquelas telas gigantes por vinte andares e olhando a Faria Lima lá embaixo, protegidos apenas por um corrimãozinho de nada...
Enfim, aqui vai meu agradecimento à esse pessoal, agradecimento tardio, mas sincero.
Valeu.

Marco Angeli, janeiro de 2007

MENINAS DE ITAPEVI Marco Angeli

Elas são as meninas de Itapevi, algumas delas, mas...são meio diferentes das outras.
Talvez pelo jeito de viver, pela opção sexual, o modo como encaram a vida.
O homossexualismo é uma opção clara entre elas, e consciente.
Todas, uma vez, já tiveram namorados, mas preferem as namoradas.
A idade média é de 18 anos, lutam pra sobreviver, estudam, tentam trabalhar de uma forma ou de outra...às dificuldades naturais que existem para que consigam um emprego soma-se
o preconceito, barreira que todas concordam existir, sempre...
algumas fazem bico aqui e ali, sobrevivem...
Mas não falam muito sobre nada disso, são um bando alegre, muito alegre, meninas felizes como todas as meninas devem ser...e formam um grupinho cheio de idéias próprias, ícones, e
uma cultura muito particular...

Foi uma diversão fazer este retrato delas, numa bagunça que durou do início ao fim...
Elas foram trazidas ao studio pela Tchuka, minha assistente, que produziu e participou dos
retratos...com a alegria que sempre teve.
A idéia era fazer uma coisa mais séria, mais social talvez...mas...na verdade, acabou assim...
Afinal, elas só tem 18, 19 anos, são felizes...

E, se você for mulher - e bonita - e estiver em Itapevi algum dia, elas com certeza vão brincar com você, como qualquer menino faria...não estranhe, leve na boa, porque elas são
as meninas de Itapevi...

Bom, as outras menininhas que se cuidem...elas pretendem ser o futuro!

Marco Angeli, fevereiro de 2007