segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

DANIEL FILHO E A TV by Marco Angeli

Descobri aliviado, ao ver a Folha neste final de semana,
que não sou o único no mundo que não consegue
mais ver televisão.
Daniel Filho é diretor artístico da Globo Filmes,
cineasta respeitado, acaba de dirigir
Se Eu Fosse Vc 2, que já é a maior arrecadação da
retomada do cinema nacional.
Merecidamente, o filme é bacana, bem executado.



Trechos da coluna da Folha, onde ele fala
sobre a televisão brasileira:
Folha - Você já disse que a Globo tinha que mexer
na programação e afirmou que não vê mais TV.

Daniel - Nenhum programa na televisão me atrai, nenhum.
Eu não ligo a televisão.
É um cansaço meu, sei lá. Nem o Jornal Nacional eu preciso
ver mais. Eu leio jornal, a internet te bota no dia-a-dia do que
está acontecendo. Não sei o que você acha.
Mas eu acredito que, pela audiência que a TV tem tido, essa
sensação deve ser geral.
Eu vejo a audiência dos programas caindo. A TV já foi um
'must' nosso e hoje não é mais. Ficou meio morninha.
Não mexe mais com as pessoas, não vejo mais dizerem:
'Eu preciso ver isso.' Ñão vejo ninguém discutindo o
capítulo ou o programa do dia anterior. Eu vejo isso com
seriados americanos.

Folha - A TV ficou velha?
Daniel - Sem dúvida nenhuma. Eu não diria velha...
Eu ainda estava na televisão, em 1990, por aí, e já
percebia que, com os canais fechados, a TV aberta iria virar
o AM e a TV fechada seria o FM. Ou seja, a televisão
tendia a se popularizar mais. E houve isso.
Práticamente todas as famílias brasileiras têm hoje um
aparelho de televisão. Então, mudou o tipo de público.
Agora, é importante registrar:
Eu estou afastado (da TV). Portanto, eu não sei com
que público eles estão trabalhando, para quem estão
falando nem para quem desejam falar.

Folha - Nem o Fantástico, que ajudou a criar, você vê?
Daniel - O Fantástico perdeu a dimensão há muitos anos.
Perdeu. Era um programa que pertencia ao meu domingo e
que foi, pelas suas matérias, pela sua estrutura, me
tirando dele. Agora, eu só vou em baile que eu queira
entrar. A TV tem esse problema: você pode desligar.
Então eu não quero dar minha opinião porque eu não
sei com quem eles estão falando.
Eu sei que comigo eles não estão falando.
Tudo o que está sendo apresentado ali não me interessa.



O que Daniel deixou de dizer é que a televisão
brasileira é nivelada por baixo, muito baixo.
Não é difícil traçar um perfil do público com quem
eles imaginam que estão falando quando topo sem
querer com programas como o do gordo chato dos
domingos, a mediocridade imbecilizante dos BBB da
vida, as adrianes galisteu ou lucianas gimenez que
infestam as telinhas com suas futilidades e todo o resto.
Não assisto TV há muitos anos já.
Mas, sempre que topo com ela, desavisado,
tenho a incrível sensação de dejá vu.
Parece que nada mudou em tantos anos, tudo é
perfeitamente previsível, cansativo. Até as notícias.
A televisão, como a conhecemos, parece estar
se auto extinguindo, como um velho dinossauro.
E já vai tarde. Que repouse em paz.

Marco Angeli, fevereiro de 2009

Um comentário:

  1. Marco não consigo te mandar email, não esta salvo. me manda email pro yahoo. Preciso falar com vc ok?

    Daniela

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