Descobri aliviado, ao ver a Folha neste final de semana,
que não sou o único no mundo que não consegue
mais ver televisão.
Daniel Filho é diretor artístico da Globo Filmes,
cineasta respeitado, acaba de dirigir
Se Eu Fosse Vc 2, que já é a maior arrecadação da
retomada do cinema nacional.
Merecidamente, o filme é bacana, bem executado.
Trechos da coluna da Folha, onde ele fala
sobre a televisão brasileira:
Folha - Você já disse que a Globo tinha que mexer
na programação e afirmou que não vê mais TV.
Daniel - Nenhum programa na televisão me atrai, nenhum.
Eu não ligo a televisão.
É um cansaço meu, sei lá. Nem o Jornal Nacional eu preciso
ver mais. Eu leio jornal, a internet te bota no dia-a-dia do que
está acontecendo. Não sei o que você acha.
Mas eu acredito que, pela audiência que a TV tem tido, essa
sensação deve ser geral.
Eu vejo a audiência dos programas caindo. A TV já foi um
'must' nosso e hoje não é mais. Ficou meio morninha.
Não mexe mais com as pessoas, não vejo mais dizerem:
'Eu preciso ver isso.' Ñão vejo ninguém discutindo o
capítulo ou o programa do dia anterior. Eu vejo isso com
seriados americanos.
Folha - A TV ficou velha?
Daniel - Sem dúvida nenhuma. Eu não diria velha...
Eu ainda estava na televisão, em 1990, por aí, e já
percebia que, com os canais fechados, a TV aberta iria virar
o AM e a TV fechada seria o FM. Ou seja, a televisão
tendia a se popularizar mais. E houve isso.
Práticamente todas as famílias brasileiras têm hoje um
aparelho de televisão. Então, mudou o tipo de público.
Agora, é importante registrar:
Eu estou afastado (da TV). Portanto, eu não sei com
que público eles estão trabalhando, para quem estão
falando nem para quem desejam falar.
Folha - Nem o Fantástico, que ajudou a criar, você vê?
Daniel - O Fantástico perdeu a dimensão há muitos anos.
Perdeu. Era um programa que pertencia ao meu domingo e
que foi, pelas suas matérias, pela sua estrutura, me
tirando dele. Agora, eu só vou em baile que eu queira
entrar. A TV tem esse problema: você pode desligar.
Então eu não quero dar minha opinião porque eu não
sei com quem eles estão falando.
Eu sei que comigo eles não estão falando.
Tudo o que está sendo apresentado ali não me interessa.
O que Daniel deixou de dizer é que a televisão
brasileira é nivelada por baixo, muito baixo.
Não é difícil traçar um perfil do público com quem
eles imaginam que estão falando quando topo sem
querer com programas como o do gordo chato dos
domingos, a mediocridade imbecilizante dos BBB da
vida, as adrianes galisteu ou lucianas gimenez que
infestam as telinhas com suas futilidades e todo o resto.
Não assisto TV há muitos anos já.
Mas, sempre que topo com ela, desavisado,
tenho a incrível sensação de dejá vu.
Parece que nada mudou em tantos anos, tudo é
perfeitamente previsível, cansativo. Até as notícias.
A televisão, como a conhecemos, parece estar
se auto extinguindo, como um velho dinossauro.
E já vai tarde. Que repouse em paz.
Marco Angeli, fevereiro de 2009
sobre a televisão brasileira:
Folha - Você já disse que a Globo tinha que mexer
na programação e afirmou que não vê mais TV.
Daniel - Nenhum programa na televisão me atrai, nenhum.
Eu não ligo a televisão.
É um cansaço meu, sei lá. Nem o Jornal Nacional eu preciso
ver mais. Eu leio jornal, a internet te bota no dia-a-dia do que
está acontecendo. Não sei o que você acha.
Mas eu acredito que, pela audiência que a TV tem tido, essa
sensação deve ser geral.
Eu vejo a audiência dos programas caindo. A TV já foi um
'must' nosso e hoje não é mais. Ficou meio morninha.
Não mexe mais com as pessoas, não vejo mais dizerem:
'Eu preciso ver isso.' Ñão vejo ninguém discutindo o
capítulo ou o programa do dia anterior. Eu vejo isso com
seriados americanos.
Folha - A TV ficou velha?
Daniel - Sem dúvida nenhuma. Eu não diria velha...
Eu ainda estava na televisão, em 1990, por aí, e já
percebia que, com os canais fechados, a TV aberta iria virar
o AM e a TV fechada seria o FM. Ou seja, a televisão
tendia a se popularizar mais. E houve isso.
Práticamente todas as famílias brasileiras têm hoje um
aparelho de televisão. Então, mudou o tipo de público.
Agora, é importante registrar:
Eu estou afastado (da TV). Portanto, eu não sei com
que público eles estão trabalhando, para quem estão
falando nem para quem desejam falar.
Folha - Nem o Fantástico, que ajudou a criar, você vê?
Daniel - O Fantástico perdeu a dimensão há muitos anos.
Perdeu. Era um programa que pertencia ao meu domingo e
que foi, pelas suas matérias, pela sua estrutura, me
tirando dele. Agora, eu só vou em baile que eu queira
entrar. A TV tem esse problema: você pode desligar.
Então eu não quero dar minha opinião porque eu não
sei com quem eles estão falando.
Eu sei que comigo eles não estão falando.
Tudo o que está sendo apresentado ali não me interessa.
O que Daniel deixou de dizer é que a televisão
brasileira é nivelada por baixo, muito baixo.
Não é difícil traçar um perfil do público com quem
eles imaginam que estão falando quando topo sem
querer com programas como o do gordo chato dos
domingos, a mediocridade imbecilizante dos BBB da
vida, as adrianes galisteu ou lucianas gimenez que
infestam as telinhas com suas futilidades e todo o resto.
Não assisto TV há muitos anos já.
Mas, sempre que topo com ela, desavisado,
tenho a incrível sensação de dejá vu.
Parece que nada mudou em tantos anos, tudo é
perfeitamente previsível, cansativo. Até as notícias.
A televisão, como a conhecemos, parece estar
se auto extinguindo, como um velho dinossauro.
E já vai tarde. Que repouse em paz.
Marco Angeli, fevereiro de 2009
Marco não consigo te mandar email, não esta salvo. me manda email pro yahoo. Preciso falar com vc ok?
ResponderExcluirDaniela