terça-feira, 15 de julho de 2008

MEIMEI by Marco Angeli

Nunca pintei um retrato sem procurar saber o
que pudesse sobre a pessoa que estava pintando.
No caso de Irma de Castro Rocha, que se transformou
através de Chico Xavier numa das mais importantes
personalidades do espiritismo, isso foi fascinante.
Para ficar claro, não sou religioso, sou um estudioso...
Vício herdado de minha mãe, li muito durante toda a minha
vida, sem preconceitos -outro vício dela.
Assim tive contato, e estudei, desde pequeno, o budismo,
a religião de Maomé, muitas manifestações indígenas
de religiosidade, e a própria religião Católica, por força das
circunstâncias...estudei quando pequeno em colégio de freiras,
imaginem só.
Enfim, o retrato de Meimei me foi encomendado pela
Federação Espírita através da figura fascinante do
Dr. Ursulino dos Santos Isidoro, advogado, poeta, espírita e
um erudito por quem tenho grande amizade.

Retrato de Irma de Castro Rocha, Meimei
90 x 100 cm, carvão, acrílico e resina sobre canvas



MeiMei era um apelido carinhoso e secreto entre Irma e Arnaldo,
com quem se casara aos 22 anos. É uma expressão chinesa
que significa 'noiva bem amada', e está no livro
Momentos em Pequim, do filósofo Lyn Yutang, lido e
admirado por eles.
MeiMei morreu aos 24 anos, dois depois de seu casamento.
Sua vida, entretanto, foi marcante.
Amava e ajudava as crianças constantemente, era dona
de uma beleza notável e personalidade forte.
No dia de seu próprio casamento, à saída da igreja, MeiMei se
depara com um mendigo no chão, sujo, malcheiroso.
Espantados, os convidados observam os olhos dela se encherem de
lágrimas, e, ato contínuo, ela se abaixa, beija a testa do
homem e lhe entrega seu buquê de noiva.
Apesar de sua origem pobre era uma batalhadora, em
todos os aspectos.
Mas, além de tudo, MeiMei tinha o que os espíritas chamam
de mediunidade clarividente, e muito forte.
Isso esteve presente em toda a sua vida.
Seu próprio marido, no início de sua vida juntos, a achava
uma visionária. Mais tarde, no entanto, ela assume uma
importância enorme no mundo espírita, através
de Chico Xavier, que a explica e coloca suas
'visões' num contexto muito mais amplo, inclusive
histórico. MeiMei jamais conheceu Chico Xavier
pessoalmente. De MeiMei, psicografado por
Chico Xavier:

"De todos os infelizes, os mais desditosos são os que
perderam a confiança em Deus e em si mesmos,
porque o maior infortúnio é sofrer a privação da fé
e prosseguir vivendo.
Eleva, pois, o teu olhar e caminha."

Meu contato- se é que se pode chamar assim- com Chico Xavier
foi intrigante. Eu ouvira falar dele, como qualquer
pessoa, mas jamais havia procurado saber mais
do que me chegava ocasionalmente.
Numa certa madrugada, muitos anos atrás, eu assistia
sózinho em casa um filme muito interessante.
Inadvertidamente encostei no controle da TV e desliguei
o videocassete, na época. Em lugar do filme, a imagem
mudou para um canal qualquer.
O rosto de Chico Xavier enchia a tela.
Imediatamente peguei o controle para voltar ao filme.
Mas...o controle ficou suspenso no ar...e eu nunca soube
qual foi o final do filme.
Era impressionante a força e a energia contidas nas
palavras daquele homem de fala mansa, terna, carinhosa.
Impressionante o conteúdo da mensagem extremamente
complexa que ele passava alí, de uma maneira
paradoxalmente simples...e verdadeira.
Chico Xavier falava sobre os suicidas, lembro bem,
sua participação e definição na eterna roda da vida e
seus inúmeros degraus após a morte.
Sua voz e o contexto de suas palavras não tinham nada
daquela oratória inflamada e muitas vezes burra - na
tentativa de serem convincentes - dos pastores
mercenários que a gente vê tanto por aqui hoje.
Pelo contrário, era de uma lucidez e honestidade
evidentes, acima de qualquer dúvida, mesmo para um
leigo como eu. Assisti até o final.
Algum tempo depois, se me lembro, Chico Xavier morreu.

Mais tarde, após a morte de meu pai, um homem que
jamais havia sido religioso, muito discreto inclusive à
respeito desse e de outros assuntos, recebi uma caixa com
seu livros pessoais.
Entre eles estava, para minha surpresa,
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.
Li e reli este livro muitas vezes, talvez para tentar
entender meu pai, que já não estava a meu lado...

Hoje, muitos anos depois, essa roda parece que
continua a girar, e minhas mãos desenham o rosto
de MeiMei...

Marco Angeli, julho de 2008


2 comentários:

  1. Há muitos anos atrás, no C.E.U.(Centro Espírita Uniao), tive uma das melhores experiências de minha vida: Conhecí o abnegado Chico Xavier. A longa espera, madrugada adentro, foi recompensada com um punhado de rosas e um abraço do qual me lembro até hoje. Apenas um abraço? Não! Naquele instante pude sentir em meu espírito, as vibrações do gesto afetuoso de quem exemplificou em vida o amor e o respeito ao próximo.
    elisa

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  2. Marco..., nome do meu irmão...eu tb nunca tinha tido experiências co espiritismo...mas há 25 anos atraz..minha filha teve uma coisa que não era doença...mas era muito forte ..eu, uma menina,,e católica fui parar no templo indígena TUPIARA,no subúrbio do rio de janeiro...enfim....para abreviar...ela foiu curada e eu... levei inumeras pessoas depois disto...inclusive eu,que curei uma hepatite c.......depois que saí da globo,onde trabalhava como figurinista por 23 anos....resolvi e fui cumprir o meu destino...sou uma das pessoas que trabalham na parte de cura .....e lá conheci MeiMei....tem muitas fotod dela lá.... e livros que falam dela.... é realmente muito bom e forte.templo indígena TUPIARA.......

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