1 de julho de 2006
Pedra da Mina, o 4º maior pico do país, o mais alto de SãoPaulo, quase 2.800 metros de altura, 1.400 metros de desnível a ser vencido em um dia. Falando assim parece muito, mas quando a gente pensa que os 1.400 metros podem ser comparados com 10 Edifícios Itália,parece muito maior, o que é confirmado pelas dores nos joelhos, batatas e outras partes não comestíveis da perna. Se fosse só subir as escadas do tal edifício já seria um trabalhão, mas quando se fala numa trilha no meio do mato monotonamente na mesma direção , o alto—é coisa pra mais de 8 horas de trabalho duro.
O apito inicial foi dado às 7da manhã, em Passa Quatro, Minas Gerais. Uma hora e muitas curvas e buracos depois, estávamos na Fazenda Serra Fina. Assinamos o livro de baixo (existe outro no lá no cume), esperamos meia hora pelos retardatários que não chegaram e, enfim, começamos o jogo, com o seguinte time: Lígia, Laps, Robles, Affonso, Sylvio e eu. Excluindo o Sylvio e eu, todos já tinham estado na Pedra, o que reforça que lá é muito bonito mesmo. Colocamos nossas mochilas, cada uma com seu respectivo anão, e após 40 minutos de caminhada nota 7, (numa escala que vai de paredão impossível a trilha quase reta), cruzamos um riacho, que é a última parada dos cavalos. É como dizem os navais: “os cavalos podem ser mais inteligentes, mas nós somos mais fortes”. Esta tese ficou bem comprovada porque depois daquele ponto não vi mais os costumeiros e asquerosos sinais dos equinos. Mais uma hora e meia de caminhada puxada, passamos uma clareira, muito boa para acampar, com um ponto de água bem perto. Aliás, o último ponto de água garantido da trilha. No ponto, a Ligia e o Laps resolveram, com muito bom senso, voltar dali, já que eles não se sentiam muito bem depois de uma traiçoeira e fatídica feijoada,desavisadamente ingerida no dia errado, sexta.Após uma generosa doação de alimentos por parte dos desistentes, enchemos nossas garrafas e seguimos os 4 para o capítulo seguinte: o grande paredão.
O Everest é aqui
Quem já tentou carregar um anão de 20 quilos barranco acima, pode ter uma idéia do esforço que é vencer esta parte do percurso. Uma parede íngreme, altíssima, que é subida lentamente, com paradas a cada 10 passos, pois o coração dispara a todo minuto. Muitos minutos e paradas depois, chegamos à crista da serra, onde começaríamos um sobe e desce de montes, que se divertiam escondendo da gente o cume. O visual já era lindíssimo e, apesar das nuvens que passavam sobre e sob nós, podíamos ver vales e outras montanhas por todos os lados, sempre com muito verde, diferente das outras subidas que eu já fizera, como Agulhas e Prateleiras, sempre mais áridas. Por volta das 4 da tarde, quando estávamos quase chegando à base da Pedra, onde iríamos acampar, liguei o meu super- rádio e consegui sintonizar a festa da França numa tal Rádio Gaúcha. Neste momento, Karl e René, os retardatários, nos alcançaram. Estávamos a meia hora do cume, mas ainda não tínhamos podido avistá-lo, por causa do tempo fechado. Montamos acampamento ouvindo o desastre e curamos as feridas com um vinho argentino, um gole de cataia, macarrão e sopa, tudo quentinho para tentar atrapalhar a vida do frio que já estava em nosso encalço. Daí pra frente não me lembro bem, porque peguei no sono quase que imediatamente, enquanto meu companheiro de barrraca, morto de frio e cansaço, contava os decibéis do meu ronco, na falta do que fazer em nossa espaçosa barraca 2 por 1.
Enquanto dormíamos (alguns só tentavam), o Karl resistia bravamente aos 7 graus negativos e fazia uma foto maravilhosa do céu que mostra o Pólo Sul Celeste, com a dança das estrelas.
Segundo tempo: o cume e a volta
Domingo, 7 da manhã.
Finalmente, pudemos avistar o ponto mais alto da Pedra da Mina, magicamente iluminado. Depois de encontrar tudo congelado e tomar o café da manhã, deixamos os anões nas barracas e finalmente alcançamos o cume, leves como plumas. O dia estava lindo, e de lá de cima, aproveitamos os 360 graus de um visual inigualável, com a participação especial ao longe dos Picos dos Marins, Itaguaré, Agulhas, Prateleiras e até a Pedra do Picu, em Itamonte. Como a densidade de câmeras fotográficas era muito alta, uma a cada dois expedicionários, passamos quase 15 minutos posando pra fotos, inclusive com uma bandeira verde e amarela cujo destino inicial era outro, mas acabou testemunhando o nosso orgulho.
Desfrutamos egoisticamente daquela maravilha, só nós 6.
Deixamos o cume e, após desmontar o acampamento, iniciamos a descida dos 10 edifícios. Desconfio que todos estavam bem cansados, porque a única coisa que se ouvia era o estalar de nossas patelas (rótulas, para os mais antigos) e não as costumeiras piadinhas. Apesar do peso menor, a descida foi bem estafante e nos tomou cerca de 5 horas.
Com muita luta, o que faltou para aquele outro time na Alemanha, tínhamos alcançado o nosso objetivo, tínhamos vencido as nossas fraquezas. Debaixo da placa que mostra o percurso no início da subida, fizemos a última foto, agora como a dos times campeões.
O time: Luiz Antônio Pereira de Souza, Ligia Ferrari, Sylvio Gomes Jr., Milton Angeli, Karl Windisch, Rene Schubert, Affonso Novello, Sergio Robles.
Milton Angeli /Dezembro de 2006
Olá, nossa o blog está mto bom...As fotos estão demais...Estouaguardando ansiosamente por novas postagens..=]
ResponderExcluirBeijos!!!