sexta-feira, 26 de outubro de 2007

BRUNO SANTANNA, THE BLUES by Marco Angeli

A long time ago, eu finalmente havia conseguido sair de São Paulo
e curtia meu studio no meio do mato, longe daquela
barulheira, daquele trânsito, e dos assaltos...
Mas de repente, bem debaixo da janela onde eu pintava, feliz,
passava um moleque (chamar o Brunão de moleque, mesmo naquela
época, quando ele tinha uns 12, 13 anos, já era não ter a menor
noção da realidade) com uma motinho preta.
A pobrezinha dava a impressão de jamais ter tido escapamento
um dia e sofria debaixo daquele grandão encarapitado em cima
dela, concentrado em fazer com que ela atingisse uma
velocidade que acabaria por fazer com que explodisse...
Ele não parava nunca, ia e vinha como se o mundo dependesse
disso, e eu nunca soube - e acho que ninguém mais -
pra onde ele ia ou de onde vinha...e porque...
O tempo passou e eu ia escutando histórias do Brunão...
Que ele começava a cantar, que tava bacana...

Brunão and the blues, paixão antiga

Das brigas dos amigos adolescentes que ele apartava...
E pode acreditar...uma briga apartada pelo Brunão parava mesmo!
Anos depois, perto de 2000, ele preparava com sua
banda, Blindog, seu primeiro disco,
com composições suas...mas a gente não se conhecia,
práticamente...eu era o artista plástico cheio de histórias
que ele via de longe e ele o molequinho da motinho preta.
Uma noite, num bar de São Paulo -o Piola, se não me engano-
a gente finalmente estava na mesma mesa com o André Bertazzi,
meu assistente e amigo dele.
Ele ficou horas em silêncio, eu estava particularmente
inspirado naquela noite, e ria, gesticulava como todo
bom italiano, e contava pra todo mundo aquela história
da motinho preta debaixo da janela do meu studio...
Ele observava, observava e finalmente, madruga já,
me veio com uma frase nos transformou, imediatamente,
em velhos amigos:
-Esta noite conheci o verdadeiro Marcão!!!!
De amigo virei seu fã quando escutei o piloto de seu
primeiro CD, que estava sendo elaborado.
Em 2000, desenhei a capa do CD e o logo da banda.

Sampa Midnight, de 2000, com composições do
próprio Bruno Santanna. Pérola.

Aquele CD foi uma produção totalmente
underground e independente. E por isso foi muito bacana,
a gente se divertiu criando aquela capa,
procurando um pitbull bonitão pra fotografar,
tentando colocar uma imagem da cidade vista pelos
olhos do cara que volta pra casa as 5 da matina,
e que já bebeu todas...e já não sabe mais o que
é o amor...ou onde está...



Sete anos depois, no Garimpo, em Embu das Artes. Summertime.

Bruno, hoje, trabalha como produtor de cinema.
Mas a paixão pela música não acaba, é claro.
E está terminando de produzir outro CD.
Estarei aqui, of course, pra desenhar a capa...

2007, Bourbon Street, tributo Ford Blues Band

Acabo de receber...heheheh...um comentário do Brunão
sobre este post que acho pertinente e reproduzo aqui:

Orra véio Adorei ! muito obrigado brother!
Mas só tem uma coisa rsrs
Quanto a motocicleta rsrs, vê lá como fala kkkk
ela era uma RX 80 transformada em 125 cc
que passava a maior parte do tempo
com uma roda só na pista rsrsrsrsrkkkkkkkkkk!!!!


Marco Angeli, outubro de 2007

4 comentários:

  1. Puxa ! Marcão Adorei
    Um grande abraço Brother Peace and Love!!!

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  2. ESte vocalista é um dos melhores ou quem sabe o melhor da atualidade
    ja toquei algumas vezes com ele, gostei e gosto de assistir o fera , brinca com a voz , improvisa deita e rola.
    Brunão paz sucesso e aparareça ver nosso trabalho
    oswaldo Black Coffee

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  3. Pô Marco num é fácil né??? Uma dessas noitadas no Bourbon, tive o prazer de me esbaldar feito uma loka (quem eu? rsrsrs) e adivinha só quem tava dando "o show?" claro, o Bruno,teu amigo, do qual eu sou fã!!! aliás não querendo parecer com a Casé, que foi a fãzoca "number one" do Brasil, mas eu sou tão ou mais privilegiada que ela!!! Ó só: primeiro o Klink, depois você, agora o Bruno? fora outros que nem considerei na lista aqui...Ai,que delícia isso!!!!

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  4. Não sou uma pessoa com tamanho conhecimento... vou pelos meus sentimentos, aquilo que me toca a alma. Ouvir a musica do Brunão me remete a algum lugar que nem sei dizer... eu acredito nisso!!! é muito bom... É o alimento de minha alma. Acho que meus ouvidos hoje estão mais seletivos... por isso me preenche.
    Tocou meu coração. Como toca uma pintura, uma fotografia, etc. Esse é o meu termmometro. Felicidades! Feliz daquele que pode expressar sua arte.

    Abs

    Ana Maria

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