Este trabalho de quatro obras para a cidade de Santos foi
feito em outubro de 2010, encontra-se atualmente
na própria cidade e faz parte de um conjunto de seis pinturas.
Foi realizado por encomenda dos restaurantes Mania de Churrasco,
e está em sua unidade do Shopping Praiamar.
É um pequeno resgate de sua história, que se mistura com a
minha própria, já que Santos faz parte das lembranças de
minha infância -uma cidade mágica.
Bolsa Official de Café, Santos 185 x 100 cm,
carvão e acrílico sobre canvas
A inauguração do grande edifício da Bolsa de Café, em 1922, encerrou o evento
das comemorações do Centenário da Independência no Estado de São Paulo,
e contou com o empenho direto do
governador Washington Luiz para assegurar seu êxito.
governador Washington Luiz para assegurar seu êxito.
Logo na entrada principal, descansando sobre um manto de seda,
Ceres, deusa da agricultura,dos cereais e da fertilidade da terra,
recepciona a todos que deparam com os imponentes portais do Palácio.
Olhando em direção ao porto, ela observa as sacas de café,
Olhando em direção ao porto, ela observa as sacas de café,
que, abençoadas por suas divindades eram embarcadas às pressas em
épicos navios cargueiros para transformar o Brasil no
maior império de grãos do mundo.
Ao lado direito de Ceres, com olhar voltado para a cidade de Santos,
Mercúrio, deus dos negócios, das mercadorias e principalmente protetor
dos comerciantes, admirava atento o crescimento da cidade
que enriquecia rapidamente, tornando Santos um pólo mundial no comércio de café.
Barões, princesas, reis, comerciantes e
que enriquecia rapidamente, tornando Santos um pólo mundial no comércio de café.
Barões, princesas, reis, comerciantes e
outros ilustres visitantes eram abençoados por sua magia.
Bolsa Official de Café, detalhe
São Paulo Railways, c. 1920 185 x 100 cm,
carvão e acrílico sobre canvas
Um grupo de brasileiros, em 1839, submeteu à apreciação do engenheiro
Robert Stephenson um anteprojeto referente à construção de uma estrada de ferro
através da Serra do Mar, pois a Serra constituía um entrave ao progresso da
Baixada Santista e do próprio Estado de São Paulo - pois praticamente isolava
o Porto de Santos de toda a zona produtora do planalto.
O projeto, entretanto, foi abandonado na época.
Em 1859, Barão de Mauá, junto com um grupo de pessoas, convenceu o
governo imperial da importância da construção de uma estrada de ferro
ligando São Paulo ao Porto de Santos.
O Barão de Mauá ordenou então os estudos e os exames do trecho
compreendido entre Jundiaí e o alto da Serra do Mar.
O Barão de Mauá ordenou então os estudos e os exames do trecho
compreendido entre Jundiaí e o alto da Serra do Mar.
O trecho de 800 metros de descida da Serra do Mar era considerado impraticável;
exigia tal perícia dos engenheiros que só poderia ser realizada através
exigia tal perícia dos engenheiros que só poderia ser realizada através
de excepcional experiência.
Por isso Mauá foi atrás de um dos maiores especialistas no assunto:
o engenheiro ferroviário britânico James Brunlees, que aceitou o contrato.
Faltava agora achar alguém disposto a executar o projeto.
Foi-se atrás de Daniel Makinson Fox, engenheiro que havia adquirido
experiência na construção de estradas de ferro através das montanhas
do norte do País de Gales e das encostas dos Pireneus.
Assim, uma nova empresa foi criada:
a The São Paulo Railway Company Ltd.
A São Paulo Railway tinha seu quilômetro zero na cidade de Santos,
mais precisamente no bairro do Valongo, na região central.
São Paulo Railways, detalhe
Prefeitura, 1941, Santos 185 x 100 cm
carvão e acrílico sobre canvas
Prefeitura, detalhe
Avenida Ana Costa, Santos, c 1950 185 x 100 cm
carvão e acrílico sobre canvas
A Avenida Ana Costa começou com um crime.
Crime de morte, que abalou o provincianíssimo burgo pela categoria
econômico-social de seus figurantes.
Na manhã de 8 de maio de 1889, Casimiro Alberto Matias Costa
acompanhava seus trabalhadores,que abriam caminho
para ligar Vila Mathias ao Gonzaga.
A artéria trabalhada teria o nome de Ana Costa, sua esposa.
Por volta de 10 horas foi assediado pelos irmãos António Batista de Lima
A artéria trabalhada teria o nome de Ana Costa, sua esposa.
Por volta de 10 horas foi assediado pelos irmãos António Batista de Lima
e Ovídio de Lima, também donos de extensas glebas
e - por herança- do Morro do Lima.
Alegando que aquela faixa de terra lhes pertencia, os irmãos Lima
discutiram fortemente com Matias Costa.
Houve um tiro de revólver e Matias Costa foi alvejado na testa,
Houve um tiro de revólver e Matias Costa foi alvejado na testa,
sofrendo ferimento que o matou duas horas depois.
Houve reboliço pela cidadezinha de então.
António e Olívio responderam a julgamento pelo Tribunal do Júri, no prédio da
Cadeia Velha, na Praça dos Andradas.
Houve falhas no processo e não ficou caracterizada a autoria do disparo.
Afinal, os irmãos Lima foram absolvidos por unanimidade e imediatamente
Afinal, os irmãos Lima foram absolvidos por unanimidade e imediatamente
soltos, segundo a processualística penal.
A Avenida Ana Costa foi oficializada pela Lei nº 647,
de 16 de fevereiro de 1921, que entrou em vigor a 1º de janeiro de 1922.
A Avenida Ana Costa foi oficializada pela Lei nº 647,
de 16 de fevereiro de 1921, que entrou em vigor a 1º de janeiro de 1922.
Um fato excepcional e pouco conhecido:
a Avenida Ana Costa foi a primeira via pública de Santos a
receber iluminação pública elétrica.
No dia 15 de agosto de 1903 a Companhia de Ferro Carril Santista
iluminou pela primeira vez, pelo sistema elétrico, o trecho de suas oficinas,
receber iluminação pública elétrica.
No dia 15 de agosto de 1903 a Companhia de Ferro Carril Santista
iluminou pela primeira vez, pelo sistema elétrico, o trecho de suas oficinas,
em Vila Mathias, completando logo depois toda a distribuição de luz elétrica.
Avenida Ana Costa, detalhe
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Na foto, Bianca Marques Porto Uliano em frente
à pintura da Bolsa do Café, em meu studio
Claro que foi um prazer pintar a cidade de Santos, cuja
história está intrínsicamente ligada à da própria cidade de São Paulo,
e da vida de seus habitantes, como eu.
Marco Angeli, novembro de 2010
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