terça-feira, 30 de junho de 2009

CSU.CONTACT by Marco Angeli


Henrique Mello, diretor da agência RS Direct,
acaba de presentear o presidente da CSU Technowlogy,
Marcos Ribeiro Leite, parabenizando-o pela inauguração de
uma nova sede e uma nova empresa.
O presente é uma pintura que retrata justamente a nova sede,
em Alphaview, localizado em Barueri, na Grande São Paulo.
O complexo possui 25 mil m², capacidade para
20 mil atendentes e 46 milhões de ligações mensais, e é um dos
maiores complexos de contact center da América Latina.


CSU.Contact, carvão e acrílico sobre canvas, 150 x 100 cm


CSU, detalhe

Esse trabalho, pelo próprio conceito, que é advertising,
me lembra e tem o pique dos meus antigos de publicidade,
de muitos anos atrás. Uma época em que os lay outs eram
desenhados à mão, e diretores de arte marcavam letras.
Continuo em forma, people. It's like to ride a bike.

Marco Angeli, junho de 2009

quinta-feira, 25 de junho de 2009

VOCÊ NÃO VALE NADA by Marco Angeli


Passei o fim de semana me divertindo e dançando
essa música numa festa com a Clarinha.
E eis que a Tchuka me envia o vídeo...ahahahah...
dizendo que é nossa cara.
Quem conhece sabe, como dizia vovó Angeli, que era sábia.
Sem comentários, mas que é genial é.
Olhem só:




Duas versões de 'Você não vale nada' de Dorgival Dantas: hit.

Escutem bem, e prestem atenção. Lembrem.
Quem nunca passou por isso não viveu. Ou mente.
Enfim, c'est la vie.
Tudo o que eu queria...heheh...era saber porque.

Marco Angeli, junho de 2009, sossegado

terça-feira, 23 de junho de 2009

NXZERO, CARTAS PRA VC by Marco Angeli

A gente se diverte.
Há algumas semanas o Brunão apareceu por aqui em meu studio
e me pediu para que o ajudasse numa produção
de clipe em que estava trabalhando.
O clipe era o 'Cartas pra você', do NxZero.
Fiz alguns cenários para cinema há anos atrás, e é um lance
de que gosto especialmente, é sempre uma correria,
uma adrenalina.
O caso do 'Cartas pra você' é que o storyboard previa que
todos os amplis, cenário, etc, pegassem fogo.
Como o material é muito caro, deveriam ser produzidos
mock ups -ou maquetes, fakes- dos instrumentos, para serem
destruídos durante a filmagem.

Bruno Santanna na marcenaria, by himself

Passamos alguns dias construindo esse material, aqui no studio,
e o resultado ficou bem bacana. Como a correria foi inevitável, até
o Joaquim, pai do Bruno, apareceu pra dar uma força, e
acabamos nos divertindo, criando uns amplis e instrumentos falsos
que enganariam qualquer músico.
O Bruno, que adora fotografar, acabou registrando todo esse
making off, que está aqui.

A produção dos mock ups, no meu studio

Os amplis no set de gravação e o pessoal do NxZero

Fumaça, fogo, e máscaras


O making off, gravado no set pelo Brunão, muito fogo:



Os takes do Brunão

O final da gravação e o que restou dos amplis

Veja o clipe finalizado: muito bacana

Bom, o que importa realmente é que valeu, foi divertido
e no final tudo se encaixou.
E serviu pra mostrar os dotes do Brunão como cineasta.

Marco Angeli, junho de 2009

quarta-feira, 17 de junho de 2009

CLAUDIA MELO, ESCULTORA by Marco Angeli


A primeira imagem que tenho da Claudinha é engraçada.
Quando fui mediador do Forum de Arte de Barueri,
 meio atrapalhado, administrando perguntas da platéia e
preocupado em não estourar o tempo previsto, fui chamado
por alguém lá embaixo, no escuro, na frente do palco.
Era a Claudinha, brava.
Ela me pediu ou mandou...heheheh..., que mudasse o rumo
das perguntas, já que a coisa estava assumindo um aspecto
muito professoral e aquilo não era entendível pela maior
parte da platéia.
Tomei um susto, e como ela tinha razão, fiz o que pude.
Essa imagem da menina brava ficou comigo, mas mais tarde
acabamos nos conhecendo e fiquei encantado
com seu trabalho, principalmente o que faz com as
crianças, um sonho que sempre tive mas que,
por vários motivos nunca consegui realizar.
Na verdade, descobri depois que acabei confundindo
a rapidez e objetividade dela com brabeza.
Descobri principalmente na observação de seu trabalho,
que mostra claramente essas características, além, claro,
da beleza. Que é fundamental.




Abaixo, Claudia Melo por ela mesma:

"Nasci em um dos locais considerados o berço
da humanidade. Os primeiros resquícios de um homem
construtivo e criativo estão lá, na Serra da Capivara, no Piauí.
(...) Atualmente meu amor assumido é a escultura. Ela já estava
presente em minha vida nas brincadeiras de criança, quando
entrava no rio para pegar argila e fazer bonequinhos,
para mim já esculturas.



Claudia Melo e a argila: nascidas uma para a outra

Sempre desenhei, desde os 3 anos.
Chorava de medo com alguns desenhos mas estava sempre
alí, desenhando o Wolverine e outros personagens
muito especiais dos quadrinhos.
(...) Aos 9 anos comecei com as oficinas oferecidas pela
Prefeitura de Barueri, e não parei mais.
Resolvi fazer o curso técnico de Edificações só pelo desenho.
Foi assim que, levada pela professora de Arte ao
Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo onde toda a Grécia antiga e o
Renascimento italiano são mostrados, que conheci David,
de Michelangelo, e resolvi ser escultora (...).


Primeiro de dois painéis sobre a história de Barueri:
mais de uma tonelada de argila, em 3 mts de largura



Detalhe. A idéia é finalizar em bronze.


O segundo painel na oficina de Claudia,
na sede da Secretaria da Cultura de Barueri


Assim, quando minha professora nos pediu um trabalho
sobre o barroco mineiro, decidi por esculpir a cabeça de um
dos profetas do Aleijadinho, trabalho que tenho até hoje.
(...) Minha intenção inicial era fazer o trabalho em pedra,
mas conheci por acaso um escultor contratado pela prefeitura
que me convenceu a começar com argila, pois através dela
domina-se qualquer material. Ele estava certo.
Mesmo os gregos, Michelangelo ou Rodin começavam assim
trabalhando em suas peças e depois passavam
á pedra ou à madeira.
Em 2000 me formei em Edificações, mas não gostava de
trabalhar nessa área.
(...) Entrei em contato com a Artesanato Costa, que trabalhava
com esculturas de santos, fui contratada e acabei ficando
1 ano modelando as matrizes das peças encomendadas por
seus clientes. Lá aprendi várias técnicas de pintura com
aerógrafo e restauração em gesso.




O trabalho de Claudia, moldado em argila

(...) Saí de lá em 2003 para fazer a Faculdade de Artes
São Judas Tadeu. Em 2003 mesmo fiz meus primeiros trabalhos
para Barueri: o então Secretário da Cultura, Palma, me
encomendou 7 bustos de artistas que estão hoje nas bibliotecas
da cidade: Mário de Andrade, Cecília Meireles, José Lins do Rego,
Ziraldo, Graciliano Ramos, Pe. Antonio Vieira e Castro Alvez.
(...) Nesse mesmo período comecei a trabalhar em um projeto
social, o PROETi, em Santana de Parnaíba, com aulas de escultura
para crianças em zonas de risco nas escolas da cidade.
Saí do projeto em 2003 para trabalhar na Bienal como
monitora, uma experiência importante, que me serviu para uma
reflexão sobre a Arte Contemporânea, e que me deixou muito
mais flexível à novas idéias.
(...) Em 2004, dando aula num outro projeto social,
Casa da Gente do Netinho de Paula, quatro de meus alunos
ganharam um concurso pintando suas famílias e tiveram suas
obras permanentemente expostas no Museum Of Children, nos EUA.







Claudia na oficina, e uma de suas alunas, Elane Zeferine:
argila e terapia

 
Faço hoje, para a freira italiana Liliana,
da Casa das Irmãs Operárias,
a imagem de Nossa Senhora da Escuta, além de trabalhar para
o padre Ettore, também italiano, com uma escultura de Cristo.
O rosto de Cristo, em argila,
está em Roma, levado pelo padre Ettore.
Em 2005 me formei em Artes.
Em 2006, realizei uma mostra de pinturas e esculturas em Barueri
e apresentei um projeto de oficinas para o Secretário de Cultura,
Getúlio, que monta o curso gratuito com todos os equipamentos
necessários na própria Secretaria da Cultura.
Permaneço aqui até hoje.


Os santos, presença constante nos moldes de Claudia

(...) Em 2007, convidada pelo escultor Murillo, de
Santana de Parnaíba, fui contratada pela
 ONG Fenix para ser professora de escultura
no projeto Arte Sacra, patrocinado pelo Criança Esperança
da Unesco, dirigido à crianças carentes da região
de Pirapora do Bom Jesus. O projeto durou dois anos e vi
com satisfação o resultado de sua boa influência
nos jovens da região que participaram.
(...) Fiz, nesse mesmo período, a escultura do troféu FEMUPO,
encomendado pelo Secretário Getúlio.
Faço parte atualmente do Núcleo de Artes Visuais de Barueri,
e estou modelando um grande painel que conta a história
de Barueri, e pretendo finalizá-lo em bronze.
Esse trabalho atraiu vários admiradores, e estou honrada
de estar entre eles o grande Marco Angeli."

Claudia Melo, maio de 2009

Coloquei essa última frase da Claudinha aqui porque ela
foi motivo de muita piada aqui no studio.
Em primeiro lugar, nem sou tão grande assim, tenho só
1,79 cm de altura.
E em segundo, sériamente, a minha admiração por ela tem
várias razões, uma delas é pelo talento invejável que tem em
modelar tudo o que vê pela frente, rápida, com uma intuição
e uma técnica gestual maravilhosa.



Tanto que alguns artistas -entre eles eu mesmo- como o
Edgar Moretti, chegaram a pedir para que ela parasse no
'esboço' da escultura, mostrando esse gestual,
como nas esculturas de Rodin.
No meu studio, tivemos algumas idéias de uso do aerógrafo
para as esculturas de argila dela e estamos testando.
Ela, em contrapartida, quer que eu comece a modelar
com argila. Não sei...quem viver verá.

Marco Angeli, junho de 2009
    


terça-feira, 16 de junho de 2009

FORUM DE ARTE, IMPRENSA by Marco Angeli


Segundo dados que recebi da Secretaria da Cultura,
a repercussão do I Forum de Artes de Barueri foi um sucesso,
com publicação em mais de 30 portais especializados da net,
além dos principais veículos de comunicação da região.


Matéria publicada no Jornal da Cicade de Barueri,
edição de 9 de maio de 2009.

O resultado não é surpreendeendente, visto o profissionalismo
e ao trabalho impecável feito pelo pessoal que participou
da elaboração do evento.
Merecem os parabéns desde o pessoal que cuidou da parte
mecânica, como iluminadores de palco, sonoplastas, etc, até
o Grupo de Arte da cidade, que o gerou o I Forum.
Aguardemos o segundo.

Marco Angeli, junho de 2009

quinta-feira, 11 de junho de 2009

DEBORA FALA RESERVADAMENTE by Angeli


Debora Fala Reservadamente Com Todos é o primeiro
livro de Ivy Knijnik.
Me caiu nas mãos por acaso, mas me interessou imediatamente.
Sou um observador inveterado e teimoso do ser humano
e isso me ajudou, como artista, a retratar e colocar numa tela
vazia o resultado dessa observação contínua, automática.
Não há quem, conscientemente, não sinta o efeito avassalador
que a net causou no comportamento humano. E com uma rapidez
incrível, sem possibilidade alguma de recuo.



O relacionamento profissional, o amor, a amizade, o ódio,
nosso posicionamento diante do mundo e das pessoas, tudo
mudou e muda o tempo todo, alavancados pelos e-mails, pelos chats,
pelos sites de relacionamento, pelos perfis públicos, onde todos
sabem tudo sobre todos. E, em alguns casos, mais alguma coisa.
O que está exposto na net é uma ponta do iceberg, mas
comoi dizia minha avó, sábia: 'pra bom entendedor...'
O livro de Knijnik fala sobre o relacionamento
de uma mulher -Debora- com esse mundo.



De como ela lida com ele, se vicia nele, se desespera
com ele. Como deixa de viver por causa dele - e de como vive
intensamente por causa dele.
De como seus pés, lentamente, vão saindo do chão dentro dos
chats da vida e a dura tomada de consciência que a
faz retornar, mudada definitivamente, ao solo.
Não é uma história nova, talvez nem ao menos seja original,
vemos o tempo todo textos e textos de psicógos e sociólogos
alarmados com as consequências da net em nossas vidas.
Mas Ivy consegue nos cativar pelo mergulho intenso na alma,
nos desejos e contradições dessa mulher que acaba sendo
no seu livro mais do que um personagem.



Acaba sendo um espelho, fatalmente, de quem o lê.
Debora Fala Reservadamente é uma ficção, mas poderia
perfeitamente ser uma biografia ou uma autobiografia.
Os amores distantes, os corações separados, e a desesperada
tentativa de contato, de palavras de conforto, também são
tão antigas quanto o homem, e tão verdadeiras.
Eça de Queirós, por exemplo, que nem sonhava com
e-mails e afins, se irritava com a demora dos correios de então
em levar as cartas que escrevia e eram destinadas à sua amada
distante, Emilia de Castro Pamplona.
A esposa do samurai Kimura Shiguenari, no longínquo ano
de 1615, despede-se por carta do marido que lutava no cerco
de Osaka. Prevendo a morte do amado, ela o comunica que decide
se suicidar, assim podendo se juntar ao seu amor eterno.
O escritor Franz Kafka, durão, escrevia para sua amada Felice Bauer
e num primeiro momento a liberou de responder suas cartas.
Depois, arrependido, voltou atrás.



Os sentimentos, como se vê, são universais e atemporais.
Como Olavo Bilac se relacionaria com Amélia de Oliveira, para quem
escrevia tantas e longas cartas, se tivesse à sua disposição orkut,
messenger e chat para falar com ela, estivesse onde estivesse?
Não sabemos, mas não é difícil de imaginar.
Ou Victor Hugo, descabelado, escrevendo à Adélia Foucher:
"Havia perdido, Adélia, o hábito da felicidade.
Provei, ao ler teu bilhete bastante curto, toda a alegria da qual
estive privado há quase um ano.
A certeza de ser amado por ti me tirou violentamente da minha longa
apatia. Estou quase feliz. Procuro expressões para te explicar minha
felicidade, a ti que é a causa dela, e não as posso encontrar.
Entretanto, tenho necessidade de te escrever."

Nada muda, básicamente, no coração dos homens, desde
que o primeiro se declarou à sua amada com desenhos toscos na
parede de uma caverna qualquer.
Mas tudo mudou, e rápidamente demais, na maneira de se
comunicar. Mudou a quantidade de amados e amadas, a facilidade
de se comunicar, a distância encurtada brutalmente para zero,
e o gosto inevitável do 'fast food' dos chats e dos orkuts da vida.
E o 'eu te amo' que acabou virando carimbo.
Nenhum de nós, claro, se arriscará a opinar se isso é bom ou ruim.
Mas o que acaba acontecendo, afinal, com a cabeça das pessoas?
Esse é o ponto. E isso é o que o livro de Ivy Knijnik tem de mais brilhante.
Ela não opina, mas nos leva á um passeio cruel, às vezes
devastador, às vezes encantador e sublime, pela alma de Debora,
enrolada e perdida nesse processo.


A autora de Debora Fala Reservadamente..., Ivy Knijnik

O reencontro da personagem consigo mesma Ivy deixa à cargo
da própria Debora, como não poderia deixar de ser.
E deixa para nós, leitores, a reflexão sobre nosso próprio
personagem. Nosso próprio 'nick'.

Na verdade, tenho que confessar que o livro de Ivy
me fez mais do que refletir, acabou sendo um espelho de
uma realidade que eu mesmo vivi, integralmente.
Relutei em colocar este post em meu blog, mas afinal decidi
que, se não era necessário, ao menos serviria para que
pudéssemos refletir sobre tudo isso. Hoje tenho certeza disso.
Independentemente dos meios que usamos e temos hoje,
celulares, net, chat, orkut, myspace, e-mail...nosso coração
ainda bate da mesma forma que batia há 5.000 anos...e
sente igualmente. Não somos e jamais seremos diferentes do
pobre Victor Hugo, descabelado de amor.
O que nos resta é administrar isso.

Marco Angeli, junho de 2009

segunda-feira, 8 de junho de 2009

SÃO PAULO, MEMÓRIA by Marco Angeli


A cidade de São Paulo nunca deixou de estar presente
em minha pintura.
Talvez pelo amor que tenho à essa cidade, onde nasci e que
me fascina, talvez pela riqueza do tema, práticamente
inesgotável (pesquiso a memória da cidade há mais de 10 anos já,
e me surpreendo sempre), ou talvez pela insistência de meus
clientes que também adoram essa cidade barulhenta.
Mas não importa, o fato é que continuo a pintar e,
de certa forma, contribuo como posso para mostrar que
essa cidade, em alguns momentos cruel, estressante,
também teve e tem seu lado belo, de poesia,
de romantismo talvez.


Praça do Patriarca, 1930, São Paulo.
210 x 110 cm, carvão, acrílico e pastel  sobre canvas



Praça do patriarca, detalhe

As pinturas que coloco aqui foram produzidas em maio
de 2009 e fazem parte da coleção de Luiz Fernando Sodré Santoro,
que, enquanto pessoa física, é o maior colecionador
de meu trabalho. Tenho mais de 25 trabalhos que
foram feitos para ele ou para Dora Santoro, entre retratos
como o de sua filha Mariana, alguns para Otávio, seu filho,
outros de cidades como New York, e muitos de São Paulo.
Por vários motivos, isso é um motivo de orgulho para mim.
Principalmente pelo gosto inequívoco que Fernando
tem pela arte.


Rua XV de novembro c. 1910, São Paulo.
210 x 110 cm, carvão, acrílico e pastel sobre canvas.




Rua XV de novembro, detalhes

Sua coleção, especialmente de pintura, tem obras do mundo
todo e de todas as épocas, inclusive de pintores
brasileiros contemporâneos consagrados, e não impressiona
tanto pela quantidade de obras, que é grande, mas pela
qualidade delas, uma à uma.


Viaduto do Chá, 1899, São Paulo.
170 x 120 cm, carvão, pastel e acrílico sobre canvas.



Viaduto do Chá, detalhe

Fico literalmente embevecido, á cada vez que vou à sua casa,
com cada uma das telas da Renascença, com cada uma das
esculturas trazidas da África...
Finalmente, deixo aqui registradas a extrema cordialidade
e gentileza com que sempre fui recebido por Fernando e
sua esposa Dora Santoro, também artista, numa convivência
de alguns anos já. Eu e Dora, inclusive, fizemos uma mostra
juntos em Alphaville, há algum tempo, muito bacana.

Marco Angeli, junho de 2009  

domingo, 7 de junho de 2009

FABIO CROSSMANN by Marco Angeli

Pintei em maio o retrato de Fabio Crossmann, por
encomenda de sua filha Caroilna.
Fabio é empresário e membro da comunidade judaica
da cidade de São Paulo.

Fabio Crossmann, 100 x 110 cm, carvão e acrílico sobre canvas

O cachorro Gordon, no detalhe

Lembro à todos que gostam de arte para que vejam,
no MuBE, a mostra de Neto Sansone.
Estaremos lá.

Marco Angeli, junho de 2009

sexta-feira, 5 de junho de 2009

DAVID CARRADINE, KUNG FU by Marco Angeli


Algumas séries ficam para sempre, marcam uma época.
Lembro, quando pequeno, das tardes de domingo com
'Perdidos no Espaço' na Record, patrocínio dos chocolates
Suchard. Em preto e branco.
Apesar dos fiozinhos de náilon segurando as maquetinhas
das naves, cada episódio com o Dr. Smith era uma viagem.
Outro clássico e inesquecível era Quinta Dimensão,
recheado de mistérios, UFOS e dilemas sobrenaturais
jamais resolvidos.
Ou 'O Fugitivo', em cada episódio uma busca angustiante
pela verdade...que se encontrada fatalmente acabaria
com a série...mas mesmo assim seu sucesso
era enorme, ninguém perdia um único episódio.
Bonanza, ou os episódios do cínico Hitchcock que tinha uma
vinhetinha de abertura com um corvo negro...essas séries
fizeram a história da TV e ensinaram muita gente a
fazer cinema...
Um pouco mais tarde, em 1972, foi a vez de Kung Fu
-inesquecível- com David Carradine interpretando o chinês
Kwai Chang Caine, que vagava pelo velho oeste americano.


Carradine em Kill Bill, de Tarantino
Fiz esta ilustração de forma inteiramente digital:
Tablet Trust, Photoshop CS4.


O que me intrigava era o fato de terem escolhido um ator
americano, e ainda por cima loiro, pra fazer o papel de um chinês,
mas Carradine interpretava a coisa de tal forma que
a gente quase se esquecia disso.




Carradine em 1972: Kung Fu

Aliás, seu personagem quase não falava em cena, o
que era uma vantagem gigantesca, já que a dublagem
era péssima. Ele contrapunha o oriental que observava,
refletia, em contraste com o ocidental falastrão,
culturalmente em desvantagem mas sempre violento
e mais forte.
Na verdade havia um certo charme no fato de um ator
visívelmente americano interpretar Caine, já que no seriado
sua origem era nebulosa, vaga...e remetia caras como eu,
sempre ruminando, a deduzir que sua origem talvez
fosse uma mistura de raças, talvez Caine fosse uma mistura
de ocidental-oriental, o que tornava as coisas mais
interessantes naquele contexto...



Carradine já era um ator conhecido e muito, nessa época, por
papéis em 'The Virginian', de 1964, por participações no
próprio "The Alfred Hitchcock Hour", em 1965,
ou 'Shane', em 1966 e 'Gunsmoke' em 1971.
Em 1972, quando foi lançada a série 'Kung Fu', Carradine
já havia participado de mais de 20 longas metragens,
fora as participações na TV.
Como transformar um ator típicamente americano e
conhecido num chinês e fazer disso um sucesso?
Esse foi o segredo e a razão de 'Kung Fu' ter se
transformado na interpretação pela qual Carradine sempre
seria reconhecido, a identificação que criou com o personagem,
ele próprio treinando
artes marciais e estudando a fundo a cultura oriental.


Carradine, o Bill de Kill Bill, onde contracena com Uma Thurman

Há pouco tempo, na biografia de Bruce Lee, descobri por
acaso que a idéia original para a série foi de Lee, que chegou
a convencer os produtores a realizá-la.
Lee, no entanto, acabou perdendo o papel de Caine,
que óbviamente queria para si mesmo, numa briga com os
mesmos produtores, que acabaram contratando Carradine.
'Kung Fu' teve 45 episódios e durou até 1975.
Um sucesso.


David Carradine foi encontrado morto no dia 4 de junho,
num hotel em Bangcoc, na Tailândia, onde participava
da filmagem de
'Stretch'.
Como foi encontrado com uma corda em torno do pescoço
e ao penis, a hipótese inicial divulgada às pressas pela polícia
local foi a de suicídio, mas parece totalmente descartada
após o depoimento de seu agente e de todos os seus colegas de
trabalho, além de uma análise mais inteligente
das condições em que foi encontrado.
Ao que tudo parece indicar Carradine estava no meio
de uma relação sexual...irada...quando faleceu.
Pelo homem que foi, prefiro acreditar que foi assim.
Carradine morreu como viveu: sendo criativo.



O lado pouco conhecido de Carradine é o da música.
Começou a tocar piano aos 6 anos de idade, e à seguir
estudou teoria musical e composição no
San Francisco State College. Além do piano Carradine
tocava guitarra, flauta, clarinete, saxofone e cítara.
Carradine nunca abandonou sua música, que ele
mesmo chamava de 'White Blues' ou 'Black Country",
apesar da profissão de ator.


A música de Carradine, escute

Frequentemente excursionava com suas bandas,
a 'The Cosmic Rescue Team' ou a 'Soul Dog'.
A carreira como ator não entusiasmava muito Carradine, que
tinha críticas ácidas e constantes à Hollywwod. O que
gostava mesmo de fazer era música, e por aí compôs mais
de 100 canções e excursionou por todo os EUA.
Declarou, inclusive, que não importava como, o importante
era colocar a criatividade que tinha para fora, para o mundo.
'Como ator, sou um ícone, dizia, mas ninguém realmente me
conhecerá sem me ver tocando guitarra ou piano.
Sou um homem e sou uma canção, e ela é muito boa, também.'

Realmente Carradine levava à sério o lance de colocar pra fora
a criatividade...porque desenhava e pintava também, e
arrisco dizer, como grande parte da crítica norte americana,
que esse trabalho era muito bom.






Desenhos e pinturas de Carradine

Carradine, infelizmente, viveu apenas 72 anos, e como se pode
ver, pouco pra fazer o que veio fazer.



Mas a imagem de Caine e sua flauta de bambu permanecerão,
como uma pintura, como uma música inesquecível.
Guardadas em nossa história.

Em tempo: uma das paixões de Carradine era andar de
moto, a 'bike'. Acham mesmo que um
cara desses se suicidaria? Difícil...bem improvável mesmo.

Sou meio suspeito e completamente parcial nessa
opinião, mas vale assim mesmo.


Marco Angeli, junho de 2009