sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

HÉLIO GRACIE by Marco Angeli


No dia 28 de janeiro, morreu em Itaipava, região
serrana do Rio de Janeiro,o mestre Hélio Gracie,
patriarca do jiu jitsu brasileiro, aos 95 anos.
Hélio é um exemplo de lutador, acima de tudo.
Durante toda a sua carreira, perdeu apenas duas vezes,
Uma em 1955, entre Waldemar Santana e Hélio Gracie, a mais
longa da história do vale-tudo. Durou 3h40m, e terminou
com Hélio nocauteado por um chute violento no rosto.
Quatro anos antes, havia perdido para um dos maiores
lutadores de judô de todos os tempos,
Masahiko Kimura, luta que aconteceu no
Maracanã, assistida por mais de 20 mil pessoas
e por Getúlio Vargas.
Hélio nunca mais perdeu uma luta.
Apesar de magro e aparentemente fraco, Hélio
surpreendeu o mundo com sua técnica, e foi
justamente a invenção de um estilo onde o uso
de um mínimo de força bruta para dominar o oponente
que o tornou um mestre em todo o mundo,
admirado e respeitado inclusive por seus
adversários, principalmente
no Japão.
Mas Hélio foi, acima de qualquer coisa, uma
lição de vida, de força, de perseverança.
Uma lição para o mundo, uma lição para seus filhos.

De Gustavo Noblat:

"Hélio pediu festa e alegria no dia em que morresse.
Tristeza é sinal de fraqueza e Hélio tem
horror a gente fraca de espírito.
Seguem frases do mestre Hélio, algumas polêmicas e
outras sobre o jiu-jítsu, arte a qual ele dedicou sua vida.
A fama de pioneiro e visionário das lutas
ficará preservada em memória de Hélio.
Sua história perdurará por gerações e será sempre
um exemplo de superação.
"



De Hélio Gracie:

"Para dizer a verdade, eu nunca amei mulher nenhuma.
Eu gosto delas, é diferente.
Porque amor é uma fraqueza e eu não tenho fraquezas".


"O Jiu-Jitsu que criei foi para dar chance aos mais fracos
enfrentarem os mais pesados e fortes.
E fez tanto sucesso, que resolveram fazer um Jiu-Jitsu
de competição. Gostaria de deixar claro que sou a favor
da prática esportiva e da preparação técnica
de qualquer atleta, seja qual for sua especialidade".
(Entrevista para a Fightingnews.)

"Quando você tem mais confiança em si mesmo,
você é automaticamente mais tolerante.
Você tem condição de meditar de se pôr no seu devido
lugar sem precisar lutar, e isso assusta os valentões".
(Fightingnews).

"Eu não inventei o jiu-jítsu, apenas o adaptei para mim,
criando alavancas que me deram condição de fazer
os movimentos necessários sem precisar usar muita força
ou habilidade para superar lutadores
maiores e mais fortes do que eu".
(Fightingnews).



Entrevista, 1998.

Como se pode ver, atrás de todo lutador, na vida ou nos
ringues, existe o homem forte, com
personalidade.
E isso Hélio e os Gracie tem de sobra.

Marco Angeli, janeiro de 2009, ano 3

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O HACKER E OS PONTEIROS by Angeli


Há alguns dias, João Sperandio Neto
foi preso em São Paulo. Confessou, além de
outras façanhas, ter invadido o sistema de um grande
banco e em menos de dez dias ter desviado ao menos
2,2 milhões de reais, que distribuiu aleatóriamente
por aí. Em 2004 já se sabia que ele havia desviado cerca
de 10 milhões e, segundo ele, teve que dar dinheiro a
policiais e bandidos.


João, em entrevista ao Fantástico, que concedeu
sem mostrar o rosto. Sábia decisão.



Há alguns dias: em cana




João e sua arte: senhas bancárias dentro
de um computador na Guatemala sem que o
próprio dono da máquina soubesse.

João tem 22 anos e começou com 15, por brincadeira.
Foi sequestrado cinco vezes por marginais e polícia.
Dizem,de João, que é um caixa eletrônico com pernas.
Seus feitos são impressionantes, realmente.
Invadiu sites de universidades, bancos daqui do Brasil,
da Inglaterra, Estados Unidos. Diz calmamente que
em qualquer sistema existem buracos, falhas, que
podem ser usadas para invasão.
"Ele consegue descobrir lacunas que técnicos experientes
não conseguem enxergar”
, diz o delegado Luiz Storni,
que o interrogou.



Na realidade foi isso, além do fato de João ter
dificuldade para ver as horas em relógios com ponteiros -que
o confundem- que me levou a escrever este post.
Além dos ponteiros, outra dificuldade que João admite
são os textos, que tem que reler e reler sem
conseguir compreendê-los imediatamente.
Em 1990 fiz minha primeira exposição sobre São Paulo,
com uma técnica bem diferente da que tenho
hoje. O tema foi a Avenida Paulista, sempre de
madrugada. Por acaso, uma galeria da própria
avenida se interessou pelos trabalhos e a mostra foi
realizada lá mesmo.



O final da Consolação e início da Paulista,
em 1990. A técnica das pinturas é aerógrafo
e acrílico sobre canvas.
As obras tem 120x120 cm.

Na vernissage, muitos dos presentes eram executivos
ou pessoas que passavam diáriamente pela avenida,
indo para o trabalho ou voltando dele.
Observando minhas pinturas, havia sempre um comentário
frequente dessas pessoas que acabou chamando
minha atenção e que me faz pensar até hoje.



O acesso á Doutor Arnaldo e o Emílio Ribas,
madruga em 1990. Esta última tela pertence
ao Milton, meu brother.

Elas diziam, surpresas, que passavam todos os
dias por aqueles locais e viadutos que eu havia
pintado mas jamais haviam notado como eram
realmente, em alguns dos detalhes que eu havia pintado.


O muro do cemitério da Consolação, em São Paulo.
Muita gente gostou dessa obra, mas desistiam quando
descobriam qual era o tema.
Incrível.


O amanhecer de um novo dia em 1990 e o catador
de papéis, muro do cemitério na Consolação.
Esta tela pertence à André Bomilcar, e deve
estar no Rio de janeiro, atualmente.


Isso nos leva novamente à João, o hacker.
Algumas pessoas tem seu foco, sua visão da vida,
-ou sintonia- em detalhes, imagens, ou conceitos, talvez,
que a maioria das pessoas não consegue enxergar.
Ou não vê, simplesmente, pela correria em que andam,
por terem sido treinados para enxergar apenas um lado
das coisas. A própria mídia se encarrega de ir
enfiando na cabeça das pessoas, geralmente, o que
é bacana de se ver ou não. O que é in, o que é out.
A maneira correta de agir, se vestir,
amar, conversar...e até pensar.
Crianças normalmente não sofrem e não obedecem
à essas imposições, e frequentemente nos surpreendem
com uma visão totalmente nova sobre um
assunto qualquer, geradas pela sua intuição,
muito forte quando somos pequenos ainda.
Com o tempo isso se perde.
Mas não para todos. João é a prova disso.
Ele enxerga com naturalidade detalhes e particularidades
que passam desapercebidos até por experts
em informática, treinados para detectar fraudes.
Um talento que ele transforma em arte, sem dúvida.
Claro, hoje ele pode pegar até oito anos de cadeia por
isso, mas eu duvido muito que isso aconteça.
Seria um desperdício.

Acabei remexendo em arquivos antigos e não resisto,
achei algumas coisitas antigas de que nem me lembrava,
e coloco aqui...heheheh...
Durante algum tempo, fiz alguns estudos e pintei nus, que
coloquei em algumas galerias, foi bacana. Aí estão:



Esboço para pintura, 1989.


Nu, 1989, 150x150 cm, aerógrafo
e acrílico sobre canvas. Galeria Alphaville.


O ateliê do artista plástico Herton Roitmann,
grande amigo, na rua Padre João Manuel, em SP, 1990.
Esta pintura está nos EUA, atualmente.


Marco Angeli, janeiro de 2009, ano 3

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

QUARENTENA by Marco Angeli


Não fosse pelo meu filho, Victor eu jamais teria
visto Quarentena. Cinéfilo como eu, ele
havia fuçado e fuçado sobre o filme na net e
arrumou uma briga comigo e com a irmã, pois
queríamos ver outro filme.



Foi uma surpresa. Teríamos perdido a chance de nos
assustarmos com esse filme noir -às vezes trash-e com
 certeza criativo.
Somos -nós três- fãs incondicionais do cinema de terror,
mas o que acontece é que raramente são
lançados filmes que valham a pena, à exemplo
do péssimo Crepúsculo, que acabamos de assistir numa
madrugada dessas por insistência minha,
infelizmente...1x0 para o Victor.
Quarentena vale a pena.
Dirigido por John Erick Dowdle em parceria com Drew Dowdle
no screenplay, Quarentena é no mínimo interessante
como conceito de se fazer cinema.


John Erick Dowdle, o diretor

Na esteira da ideia de Bruxa de Blair, e mais
recentemente, do ruim Cloverfield, o filme é inteiro
rodado com uma camêra nervosa, irriquieta,
no melhor estilo de reportagem televisiva
ao vivo onde as lentes seguem a ação e nem
sempre sabem para onde ir.


Jennifer Carpenter, excelente como Angela Vidal,
a repórter. Interessante notar a transformação
do personagem durante o filme, vivido
convincentemente por Jennifer. Assusta.


Se fizéssemos uma reunião de pré-produção
para decidir o roteiro para um filme, um script rodado
com uma única camêra e com uma única locação
interna provávelmente jamais seria levado em
consideração. Seria muito chato, não
se manteria por quase duas horas de filme,
aborreceria todo mundo e seria um fracasso.
Surpreendentemente, Quarentena é exatamente
isso e prende o espectador o tempo todo.
Em alguns momentos é realmente assustador,
claustrofóbico, oprimente.



Jay Hernandez e Columbus Short


Elaine Kagan, Jay Hernandez, Columbus Short
e Jennifer Carpenter
: terror sufocante


Johnathon Schaech, Columbus Short


Elaine Kagan e Craig Susser


Marin Hinkle e Joey King

A concepção da fotografia é incrível.
Sem cenários exuberantes, locações externas
ou grandes efeitos especiais, a lente do repórter
se transforma literalmente nos olhos do espectador.



Jennifer Carpenter, very sexy como Angela Vidal

Os personagens
estão o tempo todo dialogando diretamente com a
camêra, carregada por Scott, interpretado pelo
ator Steve Harris. Ela segue e segue filmando,
participando da ação, algumas vezes diretamente, e
cai algumas vezes. Talvez, em termos de fotografia
de cinema isso seja até mais difícil de se fazer do
que trabalhar com várias camêras...e o diretor
de fotografia de Quarentena, Ken Seng,
faz isso muito bem. Aterroriza, e as
lentes contam a história com maestria.


Vídeo desconhecido no YouTube: barulho.

Curiosamente, pouco antes do lançamento do
trailer oficial do filme pela Sony Pictures, surgiu
no YouTube um vídeo misterioso, supostamente
viral, com o nome de Caso 1017 e fez um barulho
danado na internet. Achou-se até que poderia ser um
teaser viral para o lançamento de outra versão de
Cloverfield. Mas na realidade era um teaser para
Quarentena. 


Quarantine: o trailer oficial

Como me disse o Victor antes de assistirmos
Quarentena, o filme vale a pena.
Ele, que adora e ri muito em filmes de zumbis,
Jasons e serras elétricas cortando cabeças,
se enfiou apavorado na poltrona do cinema
várias vezes neste filme.
Victor só tem 12 anos, mas, contando vantagem,
saiu do cinema dizendo em alto e bom
som que entende mais de movies do que
o próprio pai, no caso...eu.
Tive, satisfeito, que concordar.
Ao menos neste caso.

Marco Angeli, janeiro de 2009, ano3

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

SWEET MARILU by Marco Angeli


MM-1

Ela é ciumenta e geniosa.
E herdou o gênio terrível –italiano- do pai.

MARILU-4

Eu acho que vi um gatinhu...

Mas também sabe ser dócil, carinhosa,
dengosa e muito terna quando quer.
Marilu é uma calopsita especial, sofisticada,
e tem um gosto muito especial para arte. Possessiva,
não suporta me ver pintando sózinho e quase sempre
sou obrigado a escutar suas críticas, direto do meu
ombro, enquanto pinto.

MARILU-1

Seu nome vem da música do Ultraje a Rigor, aquela
que começava assim:
“Eu tinha uma galinha que se chamava Marilu...”
Seu nome veio depois de muita discussão aqui no studio,
e sua origem é engraçada.
Por obra do gato Talisman, logo que ela veio morar
em meu studio perdeu
todas as penas do rabo...e andava atrás de mim
por todo o canto, gingando, gordinha, sem rabo,
reclamando, exigindo que eu expulsasse o gato.
Daí, parecia mesmo uma galinha.

MARILU-5

MARILU-6

MARILU-8

Claro que agora as penas cresceram e ela prefere
omitir esse passado vergonhoso.
Marilu vive em meu studio completamente livre,
e virou em pouco tempo a queridinha de
todo o mundo por aqui.

TIRA

A bunitinha em seu poleiro preferido

Por muitas vezes editei os posts deste blog
com a ajuda dela, em meu ombro, reclamando de
frases mal escritas, fotos de que não gostava, e do
horário, claro. Ela não costuma trabalhar até tarde,
como eu, mas está se acostumando.

MARILU-9-OK

Ela é brabinha, ciumenta, possessiva, e não dá espaço
para qualquer outra. Mas eu a adoro, está na minha vida.
Melhor uma passarinha na mão do que várias voando,
dizia vovó Angeli, em sua eterna sabedoria.

MARCO-SMOKE

Hot Nikon...

Parentes dos papagaios e cacatuas,
as Calopsitas (Nymphicus hollandicus),
são originárias da Austrália e foram descobertas em 1792.
Chegaram ao continente europeu trazidas por expedições
por volta do ano 1840.

Elvis-jingle-bells

Elvis, tio da Marilu. Família de artistas.
http://www.youtube.com/watch?v=XsvMts_YOYc

Elvis-paquerando

Performance do titio e mamãe.
http://www.youtube.com/watch?v=PVBBJ6Bk9kU

Marco Angeli, janeiro de 2009, ano3

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

BANANA EM OZ by Marco Angeli

Uma idéia na cabeça é só o que muita gente precisa
para fazer sucesso.
No caso do meu brother André Santi Lopes, o cara tem
milhares...e todas ao mesmo tempo, normalmente quando
estou por perto.
Andamos o tempo todo -claro- cheios de papel com esboços,
guardanapos desenhados, endereços de sites e blogs.

O logo de fachada que desenhamos

André Santi Lopes, working

Ex manager da TNG, ex Ellus e ex músico (com uma
certa saudade melancólica), André criou e toca a
BananaPiercing, uma loja difícil de definir
claramente, mistura de acessórios fashion,
artistas da periferia e outros nem tanto, grafiteiros, las bombetas,
tattoo, lupas maravilhosas, jovencitas, modelitos,
marmanjos tatuados, cabeludos e carecas e,
óbvio...os famosos piercings.

Loja BananaPiercing em Oz

Diz ele, justificando o nome Banana - numa associação
nebulosa- que o piercing tradicional tem exatamente o
formato de uma banana. Dúvidas à parte, o fato é
que a BananaPiercing é um sucesso.
André acaba de abrir sua segunda loja em Oz. Osasco,
para os leigos e desentendidos.
Venho ajudando o André na criação e desenvolvimento de
marca desde o início e agora começamos um trabalho
sério de criação e design que vai desde a programação
visual até o design de jóias de prata e ouro.

Meu Tattoo Man, inserido no contexto

Enquanto não chegamos em NY vamos nos divertindo
por aqui mesmo, desenvolvendo e lapidando as
milhares de idéias que a head do meu brother vai
gerando sem parar, deixando todo mundo à volta
completamente mareado. Eu inclusive, as vezes.

Trabalhos de Rafael Pereira Lima, o Rabisco
na loja BananaPiercing de Oz

Primeiro plano, graffitti do Rabisco

Na sala de colocação de piercing e tattoo,
o Rabisco e André. Limpeza absoluta.

Vamos nos divertindo, jogando snooker e desenhando
coisas novas. O cara, felizmente, sempre perde para a
dupla campeã, que sou eu (claro) e a Mariane.
Mas, brincadeiras à parte, o grande talento de André
é sua capacidade de agregar, fechados numa idéia
única, uma galera cheia de talento, desde a Ellen, que
administra tudo até artistas como Rafael, o Rabisco.
Isso se reflete nas lojas BananaPiercing de forma
clara, definida.

Para mim, claro, é bem bacana participar do processo,
criar e ver a história, aos poucos,
crescer e tomar forma.
Vou colocando aqui as peças que estamos desenvolvendo,
e estaremos lançando -em breve- o blog do
Banana. Que vai trazer os sonhos, as realizações e
óbviamente o sucesso do meu bro Andre.

Me and my Nikon, at the mirror

Yes, nós temos banana, como diria Carmen Miranda.
Que se estivesse por aqui usaria entusiasmada
um ou vários piercings. Do Banana, claro.

Marco Angeli, janeiro de 2009, ano 3